Ver alguém namoriscar o seu parceiro faz com que o ame… menos!

Imagine que está em algum local e uma pessoa atraente começa a namoriscar com a sua cara metade. Qual seria a sua reação? Embora possa esperar sentir ciúmes ou desejo, um novo estudo sugere que pode ocorrer o oposto — pode mesmo sentir menos atração ou menos empenho na relação.

Um estudo publicado no The Journal of Sex Research explora a forma como as pessoas reagem quando os seus parceiros românticos recebem atenção indesejada de outros.

A investigação, liderada por Gurit E. Birnbaum, da Universidade de Reichman, em Israel, descobriu que o facto de testemunhar que um parceiro está a ser alvo de atenções tende a desencadear uma resposta de auto-proteção que se manifesta como uma diminuição do desejo sexual e do investimento na relação.

Segundo o Study Finds, esta descoberta contra-intuitiva desafia os pressupostos sobre a forma como testemunhar o interesse de outros pelo parceiro tem impacto na atração e no compromisso.

Investigações anteriores mostraram que os potenciais parceiros se tornam frequentemente mais apelativos quando recebem a atenção dos outros durante as fases iniciais do namoro. Agora parece que a dinâmica muda quando se estabelece uma relação de compromisso.


“Embora algumas pessoas possam tentar fazer ciúmes ao seu parceiro atraindo a atenção de outros, na esperança de se sentirem mais desejáveis ou seguras, a investigação indica que esta tática pode sair pela culatra“, afirma Birnbaum, professor da Universidade de Psicologia Baruch Ivcher. “Em vez de fortalecer a relação, pode enfraquecer o próprio vínculo que procura melhorar”.

Para investigar este fenómeno, os investigadores realizaram três experiências com participantes israelitas que mantinham relações heterossexuais monogâmicas com uma duração mínima de quatro meses.

No primeiro estudo, 244 participantes imaginaram um cenário em que alguém namoriscava com o seu parceiro ou tinha uma interação neutra. De seguida, descreveram uma fantasia íntima sobre o seu parceiro, que foi analisada em termos de expressões de desejo e de focalização no parceiro.

O segundo estudo utilizou a realidade virtual para criar uma experiência mais imersiva. 132 participantes observaram um estranho virtual a namoriscar com um avatar do seu parceiro na vida real ou a ter uma interação neutra. Posteriormente, avaliaram o seu desejo romântico, a sua vontade de investir na relação e a sua tendência para dissuadir potenciais rivais.

No terceiro e último estudo, 190 participantes recordaram um incidente real em que alguém se atirou ao seu parceiro ou uma interação neutra. Em seguida, completaram medidas que avaliavam o desejo, o investimento na relação e as táticas de retenção de parceiros.

Nas três experiências, os participantes que testemunharam ou se lembraram do seu parceiro a receber atenção indesejada relataram sentir menos desejo íntimo pelo seu parceiro, comparativamente com os participantes nas condições neutras.

Também expressaram menos vontade de investir na relação e uma maior inclinação para ameaçar potenciais rivais.

Curiosamente, a diminuição do desejo sexual parece ser o motor da redução do investimento na relação. As análises estatísticas mostraram que um menor desejo mediou a associação entre testemunhar a situação e uma menor vontade de investir na relação.

Estes resultados sugerem que, quando vemos outros manifestarem interesse romântico pelo nosso parceiro, isso pode desencadear o medo de o perder ou de ser rejeitado. Isto ativa uma resposta de auto-proteção destinada a distanciarmo-nos emocionalmente da relação para minimizar potenciais mágoas.

“A nossa investigação revela as circunstâncias em que a atenção externa dirigida aos parceiros pode corroer o bem-estar da relação, em vez de promover a sua promoção”, explicam os autores do estudo.

Enquanto os elogios de outros podem aumentar o apelo de um potencial parceiro no início, quando estamos numa relação de compromisso, essa mesma atenção assume um significado diferente — sinalizando uma possível ameaça à parceria.

Os investigadores sublinham que estes efeitos variam provavelmente em função de fatores como a segurança da relação, a autoestima e o estilo de vinculação. Além disso, os métodos laboratoriais e baseados na recordação utilizados não conseguem captar totalmente a forma como as pessoas reagiriam em cenários do mundo real à medida que estes se desenrolam.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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