Ventura distribuiu rosas brancas no Martim Moniz: “Todos são bem-vindos e ficamos contentes”

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Miguel A. Lopes / Lusa

O ndré Ventura durante a sua visita à Praça Martim Moniz e Rua do Benformoso

André Ventura esteve, esta segunda-feira, no Martim Moniz, em Lisboa, onde ouviu moradores a pedir mais segurança, mas também elogios à comunidade imigrante.

O líder do Chega falava à imprensa momentos antes de visitar a Rua do Benformoso, na zona do Martim Moniz, em Lisboa, que recentemente foi palco de uma operação policial que gerou polémica e várias críticas públicas por parte de forças políticas e associações de imigrantes.

Interrogado sobre que mensagem queria passar com esta visita, Ventura respondeu: “É a mensagem que os políticos deviam ter passado já: a mensagem de que estão ao lado da polícia e não a alinhar neste verdadeiro genocídio que está a ser feito contra a polícia em Portugal, este genocídio político, que é a tentativa de decapitar todos os polícias, dizer que todos são racistas, qualquer ação policial é exagerada, qualquer ação policial não se justifica”.

Se no fim de semana mais de uma centena de pessoas percorreu a Rua do Benformoso para distribuir cravos vermelhos, símbolo da revolução que instaurou a democracia no país, desta vez a comitiva do Chega, composta por vários deputados, apareceu munida de rosas brancas, que Ventura caracterizou como “símbolo da lei e da ordem”.

“São bem-vindos e ficamos contentes, mas…”

Logo no início da sua caminhada, a comitiva foi abordada por alguns imigrantes que queriam oferecer a André Ventura rosas vermelhas, flores que o líder do Chega recusou, antes de trocar algumas palavras com Rana Taslim Uddin, líder da comunidade do Bangladesh em Lisboa.

“Para nós todos são bem-vindos aqui, e nós ficamos contentes, trouxe flores para si”, disse o líder da comunidade ao presidente do Chega. Nós respeitamos todas as comunidades, o que exigimos é que cumpram regras“, disse Ventura.

“E também desculpe dizer isto assim, acho que não me vai levar a mal: eu é que o cumprimento por estar aqui, e não o senhor por estar aqui eu, porque a terra ainda é nossa”, acrescentou.

Para adoçar a visita, um comerciante do Bangladesh tentou oferecer a Ventura doces tradicionais daquele país, mas o deputado recusou.

A caminhada continuou, sempre supervisionada pela segurança do partido e por um forte contingente policial da Equipa de Intervenção Rápida da PSP, que seguia atrás da comitiva.

Moradores sentem-se inseguros

Ventura não tardou em encontrar uma moradora: “Estou muito mal desde que esta comunidade veio para aqui”, afirmou. Contudo, a mesma moradora afirmou que “há muitos [imigrantes] que são educados, e há muitos que falam muito bem” consigo.

“O problema que eu tenho ultimamente é querer entrar em casa e eles estarem aos grupos à porta parados na rua. Isso é que eu acho mal. Não deixam a pessoa entrar em casa. (…) É só esse o problema porque eu a dizer verdade nunca tive problema com pessoa nenhuma”, acrescentou.

Ventura disse não estar em causa “a nacionalidade” dos cidadãos mas sim “os grupos cumprirem as mesmas regras”.

Adiante, António Barroso, morador da Rua do Benformoso há 55 anos, contou a Ventura que por vezes alguns taxistas recusam levá-lo a casa por já terem sido assaltados naquele local, e relatou uma tentativa de assalto da qual foi vítima.

“O problema não são os imigrantes”

Interrogado sobre se as suas queixas se dirigiam à comunidade imigrante, António Barroso respondeu: “Não ando aqui a identificá-los. Eu sei o que se passa mas a comunidade imigrante, normalmente, é pacífica, não tenho grandes problemas”.

“Muitos desses que andam aí a vender até são meus amigos”, disse, antes de pedir um reforço da presença policial na zona.

Perante o aparato mediático, vários residentes filmavam e tiravam fotografias a Ventura, que também ouviu críticas de quem passou e gritou “25 de Abril sempre” – com a comitiva a devolver gritos de “Democracia” e “Chega”.

Um morador, que não quis falar com o deputado, exclamou: “Diz mal dos imigrantes na televisão e depois vem para aqui cumprimentá-los. Eu moro neste bairro, o problema não são os imigrantes“.

No final, Ventura disse sair do bairro com a “sensação de que faz falta muito mais polícia” neste local e de que é necessário “recomendar ao Governo uma presença policial massiva”.

ZAP // Lusa

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6 Comments

  1. Se André Ventura fosse mais velho e tivesse feito uma comissão militar em África, provavelmente teria mais respeito pelos cidadãos negros ou mais escuros de pele que vivem entre nós e ajudam a construir uma sociedade mais inclusiva e mais tolerante.

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      • Alferes Miliciano de Artilharia (PCT), colocado no GAC 2 em Nova Lisboa, e com um destacamento de um ano com uma bateria de artilharia na ZIL (Mucussuege e Luso, Moxico). Os meus soldados eram africanos e foi em primeiro lugar com eles que aprendi a respeitar as pessoas de África. Para mim todos os imigrantes de África, a começar pelos angolanos, são portugueses de direito, e não precisam de visto nenhum para aqui viverem. A minha vida e segurança estiveram dois anos nas suas mãos e nunca me desapontaram. Valiam muito mais do que alguns que por aqui aparecem.

  2. Nem rosas brancas nem cravos vermelhos.

    A segurança de todos não pode estar refém de humores políticos… Deixem a policia trabalhar!

  3. Muitos cravos vermelhos e muita solidariedade. Os cravos brancos significam, no caso, cinismo de gente reles .

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