Com cerca de 250 funcionários e oito linhas de montagem, a RTE, em Vila Nova de Gaia, é a maior fábrica de montagem de bicicletas da Europa, mas apesar de já ter voltado a funcionar a mais do que 100%, depois da paragem devido à pandemia de covid-19, não consegue responder à enorme procura que existe. E já faltam bicicletas para venda.
O desconfinamento que começou a ocorrer em vários países da Europa levou a uma procura sem precedentes de bicicletas. E depois de muitas fábricas terem estado paradas por causa da pandemia, a oferta destes veículos começou a escassear.
Nesta altura, há mais procura do que oferta, com alguns stocks esgotados e pessoas a terem que esperar meses pelos modelos desejados, segundo o Jornal de Notícias (JN).
A RTE já se viu forçada a aumentar as linhas de montagem de seis para oito e está a tentar acelerar a produção, depois de ter estado dois meses paradas. Antes da pandemia produzia 4 mil unidades por dia, agora está a fazer 5 mil unidades, mas “ainda vai demorar até que tudo volte à normalidade”, constata ao JN o administrador da RTE, Bruno Salgado.
“Geralmente, temos um período muito forte entre Fevereiro e Agosto, mas este ano será diferente: entre Junho e Dezembro, vamos estar sempre a trabalhar com capacidades de produção muito altas, vai ser sempre a fundo para reabastecer“, refere Bruno Salgado.
Na loja de desporto Decathlon, o peso da venda de bicicletas no volume de negócios passou de 10% em 2019 para 30% neste ano.
Na Bike Zone, uma loja especializada em bicicletas, a faturação de Maio foi superior a todo o ano de 2019, e apenas com as vendas online.
“Podíamos estar a vender muito mais, mas não há bicicletas para entrega – se quiser uma de montanha, de gama média, por exemplo, só em Setembro é que deveremos ter disponível”, relata ao JN o responsável do departamento de apoio da loja online da Bike Zone. Hugo Jacinto refere que a empresa está “a perder cerca de 10 mil euros todos os dias por causa da rotura de stocks“.
Portugal é o maior exportador e um dos maiores produtores de bicicletas da Europa.
Devido à pandemia, “ficaram por fabricar entre 300 mil e 400 mil bicicletas nos últimos dois meses”, de acordo com dados do secretário-geral da Abimota, associação que representa os fabricantes destes veículos em Portugal, divulgados ao Dinheiro Vivo. Gil Nadais nota que “é muito difícil” atingir as mais de dois milhões de bicicletas montadas em 2019.
A maioria das bicicletas fabricadas em Portugal costumavam ser para exportação – “nove em cada 10” iam parar ao estrangeiro, segundo o Dinheiro Vivo que reporta que em 2019, se verificou “um recorde de exportações de 402 milhões de euros“. Mas, nos últimos tempos, a procura interna também aumentou.
“Temos o maior fabricantes de rodas, o maior produtor de pedaleiras, a única fábrica de quadros de alumínio soldados por robots e ainda está em construção uma fábrica de quadros e rodas de carbono”, esclarece no Dinheiro Vivo Gil Nabais.
Este responsável nota que a indústria nacional deve, agora, aproveitar esta procura para se tornar menos dependente do estrangeiro no que se refere a componentes, sendo que muitos vêm da Ásia.