“Temos que continuar a vigiar e a adaptar as vacinas contra a covid aos riscos que possam surgir”, avisa o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças.
A diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês), Andrea Ammon, disse hoje que a vacinação contra a covid-19 poderá continuar a ser necessária durante várias décadas.
“Temos que continuar a vigiar e a adaptar as vacinas contra a covid aos riscos que possam surgir. A necessidade de utilizar essas vacinas em tempo oportuno pode ser exigida nas próximas décadas, pois o vírus pode entrar numa fase endémica“, indicou Andrea Ammon numa sessão pública durante o Conselho de ministros da Saúde europeus que está a decorrer em Bruxelas.
A diretora do ECDC precisou que “a estratégia de vacinação de cada país poderá variar” em função de critérios como “a situação epidemiológica, a população de risco ou o nível de imunidade”.
Em relação à atual situação de infeções na União Europeia (UE), a especialista disse aos ministros haver “aumentos, moderados para o momento e a partir de um nível baixo”, mas assinalou “o crescimento de outras doenças respiratórias”.
“A preocupação é que, se três doenças surgirem ao mesmo tempo, possa haver muita pressão sobre os hospitais”, referiu.
A elevada afluência às urgências dos hospitais em Portugal devido à conjugação dos vírus SARS-Cov-2 (na origem da covid-19), Influenza (gripe) e Sincicial Respiratório já está a causar problemas de congestionamento destes serviços hospitalares.
No caso do primeiro destes vírus, Ammon indicou que existe atualmente na UE uma “sopa de variantes”, sem que se destaque uma estirpe em particular.
Neste contexto, Ammon salientou a “importância de se continuar a vacinar” as pessoas, tal como tinha feito a sua homóloga da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), Emmer Cooke, e a comissária da Saúde, Stella Kyriakides.
“As vacinas continuam a ser a nossa melhor ferramenta (…) São a nossa apólice de seguro e não devemos abdicar dela”, defendeu Kyriakides.
A pandemia da covid-19 provocou mais 300 mil mortes na Europa do que os dados oficiais indicam e reduziu a esperança de vida em mais de um ano, a maior diminuição desde a II Guerra Mundial, indica um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da Comissão Europeia (CE) divulgado na segunda-feira.
“No final de outubro de 2022, mais de 1,1 milhões de mortes de covid-19 foram reportadas em todos os 27 países da UE, mas os dados sobre o excesso de mortalidade sugerem que se trata de uma subestimativa e que mais 300 mil pessoas morreram devido ao efeito direto ou indireto da pandemia”, refere.
O relatório sobre vários indicadores de saúde nos anos da pandemia diz ainda que se estima “que as vacinas tenham evitado mais de 250 mil mortes em toda a UE apenas em 2021, embora as taxas de vacinação entre grupos vulneráveis tenham permanecido bastante baixas em alguns países”.
// Lusa