Em poucos séculos, e caso a extinção animal continue ao ritmo atual, a vaca pode vir a ser o maior mamífero terrestre do mundo.
A expansão do Homo sapiens levou a uma tendência de retração no tamanho médio dos mamíferos para um décimo. Os seres humanos causaram um impacto significativo na extinção de algumas espécies, um fenómeno que tem vindo a decorrer há cerca de 125 mil anos.
Felisa Smith, da Universidade do Novo México e coordenadora do estudo, recentemente publicado na Science, explica que “quanto maior for o animal, maior a probabilidade de extinção”. O estudo conclui que a vaca pode vir a ser o maior mamífero terrestre do mundo, se a extinção continuar ao ritmo atual.
Ao El País, a investigadora explica o fenómeno de extinção por tamanho. Os humanos começaram a caçar as grandes espécies por causa da carne, fazendo com que as criaturas de tamanho pequeno acabassem por sobreviver, o caso dos roedores, por exemplo.
“Do ponto de vista histórico da vida, faz algum sentido. Se matar um coelho, vai alimentar a sua família por uma noite. Se pode matar um grande mamífero, vai alimentar [toda] a sua aldeia”, sustenta Kate Lyons, bióloga e co-autora do estudo, em comunicado da Universidade de Nebraska-Lincoln, citado pelo Público.
Estudos anteriores mostravam que o fenómeno teria começado na Austrália há 35 mil anos. A recente investigação prova que este fenómeno não é recente, tendo começado cerca de 90 mil anos antes do que se pensava, em África. Além disso, conclui que existe um padrão muito claro de extinção com base no tamanho das espécies.
Os investigadores analisaram as tendências de extinção de grandes mamíferos ao longo de 125 mil anos, e compilaram dados sobre a massa corporal, distribuição geográfica e o tipo de alimentação de 3300 espécies de mamíferos.
Os resultados mostraram que os fósseis se foram tornando cada vez mais pequenos ao longo do tempo. Enquanto que o risco de extinção não aumentou em função do tamanho corporal, a análise por continentes mostra uma coincidência temporal entre a expansão da nossa espécie e a redução do tamanho das espécies.
Há 125 mil anos, o mamífero africano médio era já 50% menor do que os seus homólogos noutros continentes não povoados. Isto significa que à medida que a ocupação humana se começou a expandir, outras “extinções por tamanho” ocorreram em regiões e períodos coincidentes com os padrões da migração da nossa espécie.
Assim, o estudo conclui que, dentro de algumas centenas de anos, “o maior mamífero da Terra pode muito bem vir a ser uma vaca doméstica com cerca de 900 quilos“. Elefantes, girafas e hipopótamos podem vir a extinguir-se. Aliás, em março deste ano, morreu o último rinoceronte-branco-do-norte, no Quénia.
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