Utentes sem médico de família aumentam para 1,1 milhões no final de 2021

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O número de pessoas sem médico de família aumentou para mais de 1,1 milhões, o que representa 10,9% de inscritos no SNS, e “corresponde a um aumento de mais de 303 mil utentes” face a 2020.

Mais de 1,1 milhões de portugueses não tinham médico de família no final de 2021, um aumento de cerca de 300 mil pessoas em relação ao ano anterior, alertou Conselho das Finanças Públicas (CFP), esta quarta-feira.

O número de pessoas sem médico de família atribuído representa 10,9% do total de inscritos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e “corresponde a um aumento de mais de 303 mil utentes” face a 2020, “agudizando a trajetória de afastamento do objetivo de cobertura plena da população” por estes clínicos, refere o relatório do CFP sobre a evolução do desempenho do SNS em 2021.

De acordo com o documento divulgado, esta quarta-feira, a região de Lisboa e Vale do Tejo continuava a concentrar o maior volume de utentes sem médico de família, representando 68,8% do total deste universo em 2021.

O relatório do organismo independente presidido por Nazaré da Costa Cabral identifica os “riscos e incertezas” da atividade assistencial, sublinhando a “demora na retoma plena da atividade dos cuidados primários”, caso das consultas médicas presenciais, o que limita o seu papel enquanto primeiro ponto de contacto com o SNS.

O aumento do recurso aos serviços de urgência pressiona os hospitais e obriga-os a redirecionar recursos da atividade programada, alerta ainda o CFP, ao considerar que a necessidade de recuperar integralmente a resposta assistencial aumenta a pressão financeira sobre todo o sistema de saúde.

De acordo com este organismo, em 2021, as equipas dos cuidados primários continuaram a afetar uma parte importante do seu trabalho à resposta à pandemia, não só na identificação, triagem e seguimento das pessoas que contraíram a doença, mas também na execução do plano de vacinação contra a covid-19.

Além desta atividade, os cuidados primários procuraram reativar as restantes tarefas de acompanhamento da população, com os médicos de família a realizarem cerca de 15,9 milhões de consultas presenciais, que representaram mais 1,8 milhões do que em 2020, mas “um valor ainda muito distante dos 22,3 milhões de 2019”.

Já ao nível hospitalar, apesar da “forte pressão que a Covid-19 continuou a exercer sobre os hospitais do SNS em 2021, com maior visibilidade nos serviços de urgência e nos internamentos em enfermaria e em unidades de cuidados intensivos, estes conseguiram voltar a níveis de produção semelhantes a 2019, principalmente na atividade programada”, sublinha o relatório.

De acordo com os dados divulgados pelo CFP, foram realizadas 12,4 milhões de consultas médicas em 2021, valor em linha com 2019 e 11,4% acima de 2020, assim como mais de 708 mil intervenções cirúrgicas, ultrapassando mesmo as cerca de 704 mil de 2019 e acima das 579 mil de 2020.

No âmbito dos programas de gestão do acesso programado ao SNS, os resultados do programa Consulta a Tempo e Horas (CTH) de 2021 ficaram aquém de 2019, com menos 20% de consultas realizadas.

Além disso, e apesar da melhoria face a 2020, o aumento de mais 552 mil pedidos de primeira consulta hospitalar efetuados pelos médicos de família em 2021 foi superior ao acréscimo de mais 111 mil consultas CTH realizadas, o que se refletiu no aumento da lista de espera no final do ano em mais 145 mil utentes.

“A dinâmica de procura e oferta no CTH permitiu melhorar o grau de cumprimento dos tempos de resposta, com 77,3% das consultas CTH realizadas dentro dos tempos máximos de resposta garantidos”, adianta o documento.

Também o volume de operados em 2021 atingiu os valores de 2019, com cerca de 628 mil utentes operados, mais 114 mil que em 2020.

“Este desempenho positivo contribuiu para uma melhoria do tempo médio de espera dos operados (3,2 meses em 2021), para uma ligeira redução da lista de espera (210 mil em espera) e para a subida da percentagem de inscritos a aguardar dentro dos TMRG (70,6%)”, conclui o relatório.

O CFP, que iniciou a sua atividade em fevereiro de 2021, é um organismo independente que fiscaliza o cumprimento das regras orçamentais em Portugal e a sustentabilidade das finanças públicas.

// Lusa

10 Comments

  1. O nosso magnanime primeiro ministro disse por volt de 2016 que ia dar um medico de familia cada portugues.

    Fantoche malabarista

  2. Por onde andam os tais médicos prometidos pelo senhor Costa no seu primeiro mandato? Será que estaria convencido de que aludiria aqueles que saíram do país devido à situação de possível banca rota e imposição da troika no país e que tentou convencer a troco de meia dúzia de patacos? Quem ficou bem enganado fomos nós, pois o SNS rebenta pelas costuras e eu já sou mais um a fazer parte da lista sem médico de família devido ao meu ter ido para a reforma sem substituto à vista.

  3. Ainda gostava de saber, a canção, o interesse, de ter Médico de Família,esta discussão só existe para defender os interesses de Grupos, com a sua comunicação social.
    Não existe nenhum interesse em ter médico de família seria muito interessante o Utente escolher o médico do SNS que o Utente mais confiasse.

  4. O que justifica ter médico de Família, qual a vantagem para o utente, para que se sustenta um sistema viciado,porque o utente tem de se sujeitar a um médico incompetente e preguiçoso, acaba por servir o sistema, em vez do interesse dos Utentes, com liberdade de escolher um médico do SNS em que confie.

    • De que serve ter tribunais que não funcionam e todos os serviços públicos que só consomem recursos!? Repare como a autoridade tributária funciona tão bem. O problema do SNS/médicos de família é a péssima gestão, comandado por uma ministra que é um zero à esquerda e que, inexplicavelmente, é a mais popular do governo!!!?
      Dá para entender?

  5. A classe Médica, profissionais de Saúde são o sector profissional mais ignóbil,mais imortal, mais insensível que existe, no sistema de Saúde particular não existe nenhum problema, não existe Ordens de Médicos,de Enfermagem, sindicatos, greves, demissões, apoiados no sistema de informação empresarial conseguem pôr o País em pantanas, as RTPs pagas para fazer comunicação social isenta e verdadeira por não depender dos interesses empresariais e capital privado, consegue ser pior que a comunicação social dos grupos económicos.

      • Mesmo na classe de Advogados consegue existir menos desumanidade que na classe de Saúde, Não há pior mesmo, uma classe tão ignóbil,tão imoral, capaz de matar para obter uma vantagem,gente assim é difícil de vencer,de ser pior, no concreto, da atualidade conseguiram falha de Obstretas não numa localidade, num hospital, mas em todo o País, pior imoralidade não é possível.

  6. De um dia para o outro é declarada a falta de Obstretas em todo o País, uma classe da Saúde Portuguesa tão reles, desumana, que não sei se o Sr Putin é pior que esta classe profissional com doutoramento pago pelos contribuintes, como é possível organizar uma situação tão escandalosa que com toda a desumanidade faltam Obstretas em todo o País,situações que deviam ser consideradas como Crimes de morte, crimes de sangue, piores que crimes de guerra, pior que as mortes de Putin.

  7. É mais um exemplo que o povo gosta de ser enganado pelo “vendedores da banha da cobra” e não reclamam quando o “produto” não está conforme o oferecido. Por outro lado, falta ao vendedor a humildade de reconhecer que enganou o comprador… pobre país este que continua a acreditar em aldrabões…

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