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DGS admite uso de máscaras por todas as pessoas em espaços fechados

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A Direção-Geral da Saúde admitiu, esta segunda-feira, o uso de máscaras por todas as pessoas que permaneçam em espaços interiores fechados com várias pessoas, como medida de proteção adicional ao distanciamento social, à higiene das mãos e à etiqueta respiratória.

As condições para o uso dos vários tipos de máscaras foram hoje publicadas numa informação em que a Direção-Geral da Saúde (DGS) recorda orientações emitidas anteriormente.

As pessoas com mais de 65 anos, com doenças crónicas e estados de imunossupressão, devem usar máscaras cirúrgicas sempre que saiam de casa, de acordo com uma orientação da DGS.

Além de todos os profissionais de saúde, devem também usar estas máscaras pessoas com sintomas respiratórios ou quem entre e circule em instituições de saúde.

Invocando o Princípio da Precaução em Saúde Pública, a DGS afirma ser de considerar “o uso de máscaras por todas as pessoas que permaneçam em espaços interiores fechados com múltiplas pessoas, como medida de proteção adicional ao distanciamento social, à higiene das mãos e à etiqueta respiratória”.

A DGS reitera ainda que a eficácia da utilização generalizada de máscaras pela comunidade na prevenção da infeção pelo novo coronavírus “não está provada”. Admite, porém que, perante a emergência de uma doença nova, “a evidência vai evoluindo a cada momento e é afirmada num modelo colaborativo de experiências, antes do surgimento de evidência científica de maior rigor”.

Tal como havia referido a ministra da saúde, Marta Temido, na conferência de imprensa de hoje, o uso de máscara cirúrgica e outros equipamentos de proteção individual é recomendado a alguns grupos profissionais: forças de segurança e militares, bombeiros, distribuidores de bens essenciais ao domicílio, trabalhadores nas instituições de solidariedade social, lares e rede de cuidados continuados integrados, agentes funerários e profissionais que façam atendimento ao público, onde não esteja garantido o distanciamento social.

A DGS frisa que a utilização de máscaras pela população “implica o conhecimento e domínio das técnicas de colocação, uso e remoção”, e que a sua utilização “não pode, de forma alguma, conduzir à negligência de medidas fundamentais como o distanciamento social e a higiene das mãos”.

De acordo com a DGS, a utilização de máscaras pela população é “um ato de altruísmo”, já que quem a utiliza “não fica mais protegido”, contribuindo, sim, para a proteção das outras pessoas.

Reconhece ainda que o uso de máscara pela população não pode “diminuir a sustentabilidade de acesso a máscaras pelos doentes e profissionais de saúde”, que constituem os grupos prioritários para o uso de máscaras cirúrgicas.

“Segundo o ECDC, não existe evidência científica direta que permita emitir uma recomendação a favor ou contra a utilização de máscaras não cirúrgicas ou comunitárias, pela população”, lê-se no documento assinado pela diretora-geral da saúde, Graça Freitas.

A ministra da saúde indicou, hoje, que as máscaras não cirúrgicas podem ser utilizadas pela população em espaços fechados e com elevado número de pessoas, como supermercados e transportes públicos.

“De acordo com o princípio básico da precaução em saúde pública e face às ausências de efeitos adversos associados ao uso de máscara, pode ser considerada a sua utilização por qualquer pessoa em espaços interiores fechados e com um elevado número de pessoas”, afirmou Marta Temido, dando como exemplo os supermercados, farmácias, lojas ou estabelecimentos comerciais e transportes públicos.

Na conferência de imprensa diária realizada na Direção-Geral da Saúde (DGS), a ministra ressalvou que o uso de máscaras na comunidade constitui “uma medida adicional e suplementar” às já existentes, como o distanciamento social e lavagem das mãos.

Marta Temido salientou que a questão das máscaras está “completamente alinhada” com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, que no dia 8 de abril apresentou um conjunto de argumentos sobre o uso deste equipamento.

A ministra ressalvou que as máscaras sociais, que podem ser feitas de algodão ou de outro tecido têxtil, vão ser generalizadas à população quando o país regressar à normalidade.

“Num contexto, que não é aquele que nos situamos hoje, porque estamos no estado de emergência, que apela ao confinamento e à restrição das atividades essenciais, mas em que as pessoas se possam situar em espaços fechados, poderá ser considerada a utilização da dita máscara social”, disse.

Na conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia da covid-19, Marta Temido explicou que existem três tipos de máscaras: os respiradores FFP para profissionais de saúde (modelos 2 e 3), máscaras cirúrgicas que previnem disseminação de agentes infecciosos e as máscaras não cirúrgicas ou sociais.

Segundo a ministra, as máscaras cirúrgicas devem ser usadas por pessoas com sintomas de covid-19 e pelos mais vulneráveis, bem como profissionais de grupos mais expostos como bombeiros, polícias e trabalhadores de agências funerárias e lojas.

Marta Temido precisou que as máscaras não cirúrgicas não são dispositivos certificados, não obedecem a uma normalização e podem ser feitas de diferentes materiais, como algodão ou têxtil.

Recomendações da DGS para os lares

Numa nota com recomendações para o serviço de alimentação nos lares, unidades de cuidados continuados ou outras estruturas de resposta a idosos, a DGS aconselha a renovar o ar das salas com frequência e utilizar o espaço por turnos, para garantir distâncias de segurança de um a dois metros entre os utentes, que nunca se devem sentar frente a frente.

A informação recomenda ainda a desinfetar o refeitório/sala de refeições, incluindo mesas e cadeiras, sempre antes e depois de cada refeição, incluindo entre turnos, e a não permitir a colaboração dos idosos mais independentes na organização da sala.

Os colaboradores responsáveis pelo serviço de distribuição de refeições, além de lavar adequadamente as mãos, devem utilizar máscaras cirúrgicas, evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos e assegurar o fardamento (roupa e calçado) adequado, para uso exclusivo no trabalho, bem como as habituais proteções para o cabelo.

A DGS diz ainda que o espaço de refeições não deve ter travessas na mesa, devendo os funcionários de serviço garantir o empratamento, que os guardanapos e utilizar devem ser de papel e de utilização única, assim como as toalhas de mesa, se usadas.

A autoridade de saúde recomenda ainda que as unidades ofereçam uma solução alcoólica aos utentes para higienizarem as mãos antes e depois das refeições e recorda que os casos suspeitos e os confirmados “nunca deverão deslocar-se aos espaços comuns, devendo fazer as refeições nos quartos onde estão isolados”.

O fardamento de quem prepara as refeições deve ser de uso exclusivo para o trabalho e a farda deve ser lavada na própria instituição, sendo que o programa de lavagem da roupa deve integrar pré-lavagem, lavagem a quente a temperatura de 70 a 90ºC, seguido de um ciclo de desinfeção química também em máquina.

Os panos para limpar superfícies também devem ser exclusivos para cada tarefa, sendo necessária a sua lavagem e desinfeção após cada limpeza, indica a DGS, sugerindo que sejam diferenciados por um código de cores, para cada uma das áreas (ex: vermelho para as áreas de preparação, amarelo para as áreas de confeção e verde para as áreas de distribuição).

Se as refeições forem entregues no domicílio, deve ser assegurada a higienização do veículo de transporte antes e depois de cada distribuição, a limpeza, várias vezes ao dia, de todas as superfícies e objetos de utilização comum no carro de transporte, como a caixa de velocidades ou os puxadores de porta do carro.

Além de assegurar um bom acondicionamento das refeições/produtos alimentares, em equipamentos/utensílios adequados a cada faixa de temperatura, os funcionários que fazem a distribuição de refeições devem desinfetar com frequência as mãos entre cada entrega e usar máscaras cirúrgicas.

Já a louça deve ser lavada a temperaturas elevada, idealmente a 80-90ºC, devem ser limpos e desinfetados regularmente as torneiras, os puxadores, os interruptores, os manípulos de portas e outros equipamentos do género.

A DGS recomenda igualmente que os utensílios de higienização (balde e esfregona) sejam “de uso exclusivo na áreas de alimentação” e higienizados no final de cada utilização.

“Os produtos a utilizar para a higienização devem ser produtos que não contaminem os alimentos” aconselha a autoridade de saúde, lembrando que não se deve borrifar com desinfetante em spray as áreas de preparação, confeção e empratamento/distribuição dos alimentos.

Devem igualmente ser separados os alimentos crus dos alimentos cozinhados e os equipamentos e utensílios, como facas ou tábuas de corte para alimentos crus e alimentos cozinhados têm também de ser diferentes.

Os alimentos devem ser bem cozinhados, a temperatura acima dos 75 graus, e sempre guardados em embalagens ou recipientes fechados, para que não haja contacto entre alimentos crus e cozinhados.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. O risco de aqui para a frente, será de ver muitas mascaras e pouco sentido de precauções básicas. Até agora o MEDO é a melhor arma contra esta epidemia, obrigando as pessoas ao distanciamento Social e Higienização das mãos assim que desinfecção de superficies inertes tocadas e manipuladas. Em muitas mentes a mascara poderá ser considerada como um amuleto, de aí o perigo !

    • Nem mais, além de que há pessoas a carregar a mesma mascara há mais de 15 dias…
      Estamos a falar de uma mascara que era suposto ser trocada a cada 3h de utilização…
      São descartáveis e as pessoas reaproveitam-nas até começarem a rasgar, isto é o quê?
      Acabam por estar mais expostas porque o risco de contaminação de outras superfícies com a mascara começa a ser maior à medida que aumenta o numero de horas de utilização que já tem.
      Se pensarmos um pouco verificamos que é impossível haver mascaras para todos, se a cada 3h 3 milhões de portugueses substituírem as mascara…
      As mascaras descartáveis devem ficar disponíveis apenas para os profissionais de saúde, forças de segurança etc.
      A restante população se assim entender deverá arranjar uma alternativa reaproveitável, lavável, senão não é sustentável a longo prazo. E todos já percebemos que isto vai durar… as mascaras vão fazer parte das nossas vidas!

  2. Esta medida peca por tardia…
    Uma máscara não nos dará super-poderes nem nos torna invencíveis, nem tornará desnecessário o lavar de mãos ou o distanciamento social, mas qualquer coisa que contribua para reduzir a taxa de transmissão é quase uma “vacina”. Mal seria não usar todas as ferramentas disponíveis, mesmo que algumas não sejam tão eficazes quanto outras.

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