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Conferência com oradores que negam alterações climáticas. Universidade do Porto rejeita ligação

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Já no próximo fim de semana a Universidade do Porto (UP) vai receber uma conferência internacional sobre as alterações climáticas. A iniciativa é organizada por um comité cético quanto ao fenómeno, que nega ou diminuiu os efeitos da ação humana no aquecimento global.

A presença destas personalidades na Faculdade de Letras da UP, amplamente conhecidas como negacionistas da alterações climáticas, tem gerado polémica, levando mesmo a Universidade a esclarecer o âmbito da iniciativa.

Entre os oradores está Piers Corbyn, irmão do líder trabalhista britânico Jeremy Corbyn, que considera que a contribuição humana no aquecimento global é “mínima” e que o aumento da temperatura se deve a um aumento da atividade solar.

Em comunicado, a UP rejeitou nesta terça-feira que as posições assumidas pelos oradores do Independent Committee on Geoethics, que negam os efeitos da ação humana no clima, sejam um reflexo da visão da instituição.

Em comunicado enviado à Lusa, a UP esclarece que a conferência Basic Science of Climate Change: How Processes in the Sun, Atmosphere and Ocean Affect Weather and Climate é uma “iniciativa de uma docente da mesma faculdade, sendo da responsabilidade da Independent Committee on Geoethics”.

A academia sublinha que a sua realização “não significa que as posições assumidas pelos seus oradores e participantes sejam um reflexo da visão da Universidade do Porto sobre o tema em debate”.

“As universidades devem, contudo, afirmar-se como um espaço de debate e discussão por excelência, onde a partilha de diferentes ideias e perspetivas deve ser valorizada”, pelo que, “a censura de opiniões não faz, nem deve fazer, parte da natureza das instituições de ensino superior e é nesse contexto que a Universidade do Porto irá acolher a referida conferência”, acrescenta o comunicado.

No documento, a instituição refere, ainda, que “o combate às alterações climáticas e a sustentabilidade ambiental são uma prioridade para a Universidade do Porto, principal promotora do projeto Casa Comum da Humanidade, que pretende apresentar às Nações Unidas um novo sistema de governação global dos recursos planetários e elevar o sistema terrestre à condição de Património da Humanidade”.

Em declarações ao Diário de Notícias, o bioquímico David Marçal, que foi um dos primeiros cientistas a criticar a realização desta conferência, acusou a universidade de estar a “alugar ou mesmo a oferecer” a sua credibilidade e defendeu um recuo da instituição.

Para a presidente do comité da organização, a geógrafa Maria Assunção Araújo, citada pelo mesmo jornal, a conferência pretende fazer um debate científico sobre a questão, com “pessoas cientificamente muito válidas”, bem como questionar o consenso sobre a influência humana nas alterações climáticas, que considera ser uma “ideia alarmista”.

A geógrafa, defende, aliás, que “há censura” contra quem não subscreve a explicação científica das alterações climáticas com base na emissão de gases de efeito de estufa e diz que um dos objetivos é ultrapassar essa censura.

Quem são os polémicos oradores

Nils-Axel Mörner e Christopher Monckton são dois dos oradores que vão marcar presença na UP e ambos já estiveram envolvidos em polémicas. Um por negar a subida do nível do mar, outro por estar associado a um think thank associado a uma das maiores petrolíferas norte-americanas, revela o Diário de Notícias.

Em 2011, um estudo de Nils-Axel Mörner fez capa da revista Spectator, com alegações falsas sobre a subida do nível dos oceanos.

No artigo, conta o The Guardian, Mörner referia que lugares como as Maldivas, Bangladesh ou o Tuvalu não “precisavam de temer o aumento do nível dos oceanos”, apontando também que não havia relação entre os níveis dos oceanos e as alterações no clima.

O jornal britânicorefere também que o investigador “faz a alegação falsa de que o nível das águas dos oceanos considerado pela maioria dos cientistas do clima ‘tinha sido baseado através de uma medidor de maré em Hong Kong”.

Outro dos nomes na lista é Christopher Monckton, conselheiro do The Heartland Institute, um think tank norte-americano e conservador que se tem afirmado no combate às evidências científicas que comprovam o aquecimento global.

De acordo com o The New York Times, em fevereiro de 2012, uma fuga de informação sugeria que a organização estava a planear uma iniciativa para minimizar o ensino sobre o aquecimento global nas escolas públicas.

A iniciativa considerava que “os diretores e os professores das escolas estão fortemente condicionados em relação à perspetiva alarmista” do aquecimento global, cita o NYT.

ZAP // Lusa

11 Comments

  1. Eu não nego as alterações climáticas nem há como negá-las porque são sentidas por todos nós.
    O que a população em geral precisava saber era qual a acção humana – leia-se TECNOLOGIAS humanas – que originam aquecimentos bruscos numa dada região específica – invariavelmente junto de manchas florestais e cursos de água doce….
    Se a Aviação parasse por um mês – especialmente as avionetas e aviões da NATO – todos veríamos o VERDADEIRO Clima actual do Planeta…. e o verdadeiro clima paradisíaco de Portugal…
    As condições climáticas extremas que sustentam fogos incontroláveis, são fabricadas e têm assinatura.
    FORÇA cientistas que elevam a sua voz no sentido de repor a verdade. Têm o meu total APOIO!!!

    • Maria Maia, não consigo concordar, nem discordar, do que diz… porque… não se percebe nada! Já se sabe quais são as tecnologias que afectam o clima. Mas ao dizer “junto de manchas florestais e cursos de água doce”, quer dizer o quê? Que o clima do planeta só afecta “manchas florestais e cursos de água doce”?? E o que é que as “avionetas” e “aviões da NATO” têm a ver com o clima? Claro que dão a sua contribuição, mas… acha mesmo que têm algum peso? E percebeu que os cientistas que se vão reunir são exactamente os mais cépticos quanto à influência humana nas alterações climáticas???? Mas então… têm o seu APOIO… porquê????

      • Nuno R, agradeço a sua intervenção. Tentando responder:
        “junto de manchas florestais e cursos de água doce”, quer dizer o quê?
        R: quero dizer que essas tecnologias que provocam aquecimentos bruscos, são accionadas – por aviões e avionetas, alguns metros ou quilómetros acima – junto das florestas-alvo e fontes de água doce que alimentam essas manchas florestais.

        “…são exactamente os mais cépticos quanto à influência humana nas alterações climáticas???? Mas então… têm o seu APOIO… porquê????
        R: neste momento ainda desconheço os argumentos desses cientistas, mas só o facto de terem a coragem de erguer a voz contra as mentiras que foram há décadas – inventadas, divulgadas e cimentadas – na mente colectiva mundial, merecem a minha vénia….
        A influencia humana – antropológica – está muito longe de ser aquela que enfiaram na cabeça de todos nós…

        E já agora, sobre esta sua afirmação: “Já se sabe quais são as tecnologias que afectam o clima.” permita-me perguntar-lhe:
        – na sua opinião, quais são essas tais tecnologias”??

        É que, não sei bem porquê, mas… parece-me que não estamos a falar da mesma “coisa”… 🙂

      • desejo substituir o termo “antropológica” por “antropogénica”

        com um pedido de desculpas a quem já leu… 🙂

  2. perdoe-me o esquecimento desta pergunta: “E o que é que as “avionetas” e “aviões da NATO” têm a ver com o clima? Claro que dão a sua contribuição, mas… acha mesmo que têm algum peso?”
    R: na minha opinião e baseada nas minhas “fontes” têm (quase) TODO o peso….
    Tudo é uma questão de pesquisa e muitas horas de observação…

  3. Olhe Maria Maia, agradeço-lhe ter-se dado ao trabalho de me responder. Mas se ainda não sabe o que provoca o aquecimento global (o google terá todo o prazer em elucidá-la!), se não sabe a posição sobre o tema dos “cientistas” que se vão reunir no Porto (basta ler a notícia), se acredita mesmo que “avionetas” e “aviões da NATO” é que dão cabo do clima (e tem “fontes” que o provam)… então não vale a pena esta discussão! Documente-se um pouco mais e use de sentido crítico e discernimento racional naquilo que ouve e lê!

    • Nuno R, enfim… enquanto a mente colectiva não for alterada por quem a formatou, só temos e teremos mais do mesmo… uma tristeza…. 🙁

      e, a propósito do que escreveu, não sei se sabe, mas, a designação “Aquecimento Global” já caíu em desuso há muito tempo…. porque será???

      Não sugiro que se documente no Google, mas se o fizer, talvez lhe faça algum bem à “visão”….. e por aqui me fico….

      • Hahaha, finalmente encontrei a secção cómica do zap!
        Maria Maia, faz espetáculos em que zonas?
        Podemos vê-la ao vivo a contar piadas?

      • realmente o VERDADEIRO CEGO é mesmo todo aquele que NÃO quer ver…

        (e a propósito de “sabedorias e arrogâncias”, na sua identificação: no lugar de “je” não deveria estar “moi”???
        Enfim…. é a escassez mental que vemos…. tristeza…. )

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