Nova rede de transportes na Área Metropolitana do Porto está a arrancar com muitas falhas. Agora há alunos sem autocarro para a escola.
A UNIR trouxe desunião. A nova rede de autocarros na Área Metropolitana do Porto está claramente a criar insatisfação entre os passageiros.
Os autocarros servem 17 concelhos – Porto ficou fora – e chegaram com 439 linhas, várias delas inéditas.
Começaram a circular na sexta-feira passada, dia 1 de Dezembro, e para já não está a correr bem em diversos locais.
Há queixas dos passageiros na maioria dos concelhos: os horários não são cumpridos, há autocarros que nunca chegam a passar e estas falhas originam filas com dezenas de pessoas numa só paragem.
O presidente de uma das autarquias envolvidas, Gondomar, já admitiu: “Os primeiros dias de operação da UNIR não têm corrido bem”.
Marco Martins, que mostrou uma fotografia em Campanhã (Porto) com dezenas de pessoas nas filas, admitiu estar “desiludido” e “defraudado” com o que está a acontecer: “Fizemos a nossa parte, com rigor e antecedência… quem vinha a seguir, falhou: a Alsa, operador contratado pela AMP/UNIR, por concurso público internacional não está a cumprir como devia”, acusa o autarca.
Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Área Metropolitana do Porto e da Câmara de Gaia, já tinha admitido que os primeiros dias “seriam sempre difíceis”.
Tem sido difícil, por exemplo, para alunos de Santa Maria da Feira e de Paredes: o Jornal de Notícias indica que alunos ficaram sem autocarro para a escola, no início desta semana, por causa de falhas na UNIR.
Em Paredes, alguns motoristas nem iniciaram viagem porque tinham dúvidas em relação ao seu horário de trabalho.
“Sabe o percurso?”
Em Vila Nova de Gaia, alguns motoristas demoraram a iniciar viagem porque tinham dúvidas em relação ao percurso da linha.
O ZAP cruzou-se com dupla confusão na Afurada, na segunda-feira. Ao fim da tarde, a partir das 17h, começaram a acumular-se pessoas na primeira paragem da linha 9015, que liga Afurada ao Parque das Camélias, no Porto.
A primeira confusão foram os autocarros que “fugiram” dos passageiros. Perto das 17h30 apareceu o primeiro autocarro, a finalizar o seu trajecto; as pessoas pensavam que iam entrar mas o veículo foi embora vazio. Poucos minutos depois, o mesmo cenário. Mais alguns minutos, a cena repetiu-se.
Ou seja, três autocarros que terminaram o seu percurso ali mas foram embora sem qualquer passageiro.
Um dos motoristas estava ao telefone mas abriu a porta e explicou aos passageiros que tinha recebido telefonema da empresa, que lhe indicou que iria iniciar a viagem de regresso ao Porto… noutro lado. Foi para outra freguesia de Gaia para começar nova linha.
As 18h aproximavam-se. Entre a fúria dos passageiros, começou a perguntar-se porque havia sempre duas pessoas em cada autocarro. Ao lado do motorista ia sempre alguém de pé.
Quando o quarto autocarro chegou (e esse sim, demorou, mas iniciou ali o trajecto até ao Porto), percebeu-se a existência do “piloto e co-piloto”: a motorista e o seu ajudante não sabiam por onde iam.
Logo à segunda paragem, o “co-piloto”, funcionário da UNIR mas que não ia a conduzir, virou-se para trás e perguntou aos passageiros se conheciam o percurso daquela linha. “Porque nós não conhecemos! Estamos aqui a seguir a aplicação”, admitiu o trabalhador da UNIR, que olhava para o telemóvel em cada rua, em cada curva – e não sabia onde eram as paragens.
Entretanto, no site oficial, a empresa informa que está “a reformular e a adequar os horários dos lotes 2, 4 e 5 ao serviço efetuado” – ou seja, nos concelhos: Gondomar, Valongo, Paredes, Santo Tirso, Gaia, Espinho, Feira, Oliveira de Azeméis, Arouca, São João da Madeira e Vale de Cambra. Em todos estes concelhos, os horários estavam indisponíveis no momento da publicação deste artigo.
Voltando a Marco Martins, presidente da Câmara de Gondomar: “Amanhã será, segundo aquilo que ainda agora me garantiram, um dia melhor. Como hoje foi ligeiramente melhor que ontem”.
É verdade. Uma estreia extremamente mal planeada e mal-organizada. Um serviço péssimo! Testemunho que utentes da linha 4 ficaram mais de 2 horas na paragem sem aparecer um autocarro.
Procuram promover a utilização dos transportes públicos em detrimento dos carros particulares, mas retiram carreiras e reduzem horários dos autocarros às populações! Uma incoerência.
A manifestação está marcada para o próximo dia 09/12 , às 10h, em frente à Câmara Municipal de Gaia. Os munícipes esperam que o Eduardo Vitor Rodrigues lá esteja para prestar esclarecimentos e apresentar soluções cabais.
Depois da extrema-unção na Saúde (pela administração central) e na Educação (pelas administrações central, nos currículos e na carreira docente, e local, na semestralidade), faltava a área dos transportes públicos (pela administração local).