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Ummu tem 25 anos e é rosto das negociações com o Boko Haram

Com a Nigéria a enfrentar uma crise de raptos, Ummu Kalthum é uma das mais jovens — e mais bem-sucedidas — mediadoras a negociar acordos para libertar reféns do Boko Haram no país.

Na última década, os sequestradores nigerianos ganharam pelo menos 18 milhões de dólares, escreve a VICE.

A longa guerra entre o governo nigeriano e o Boko Haram já levou à morte de mais de 350 mil pessoas. O Boko Haram é uma organização fundamentalista e terrorista que procura a imposição da lei islâmica no norte da Nigéria através da força e da violência.

Eles atacam aldeias inteiras, incendeiam casas, raptam, violam e desferem ferimentos graves às vítimas com o objetivo de as matar ou capturar.

O Boko Haram usa os reféns para fazer exigências ao governo nigeriano, tal como aconteceu em abril de 2014, em Chibok, onde dizimaram populações inteiras e sequestraram mais de 250 meninas entre os 7 e os 15 anos.

Embora publicamente o governo nigeriano negue negociações com o Boko Haram, terão pagado 3,5 milhões de dólares para libertar 103 das 250 crianças raptadas, entre 2016 e 2017.

O problema é que nem sempre o governo pode ou quer intervir — e muitas outras vezes falha nas negociações. Para preencher a lacuna, cerca de meia dúzia de mediadores de reféns surgiram para ajudar as famílias cujos entes queridos foram raptados.

Ummu Kalthum, uma jovem de 25 anos, tem sido uma das mais bem-sucedidas nesta tarefa. Nos últimos dois anos, Ummu conseguiu orquestrar a libertação de 11 reféns.

Em março, por exemplo, conseguiu acordar a libertação de um pastor cristão que tinha sido raptado em dezembro. Ummu chegou a acordo relativamente ao valor do resgate e encontrou-se com militantes do Boko Haram para finalizar o negócio.

Depois de lançar a organização de caridade, Kalthum Foundation For Peace, em 2017, Ummu começou a tratar de algumas das necessidades da sua comunidade, como educação para meninas e empoderamento de mulheres. No entanto, a crise de raptos que a Nigéria atravessa levou-a a travar batalhas diferentes das que esperava.

As exigências do Boko Haram estão a tornar-se maiores, atingindo mesmo os 500 mil dólares. A jovem alega não receber nenhum benefício financeiro dessas trocas e, às vezes, até ajuda as famílias a angariar dinheiro entrando em contacto com funcionários do governo.

Daniel Costa, ZAP //

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