Acredita-se que a medida pode ter tido impacto no controlo da inflação, atualmente em cerca de 8%.
Uma campanha promocional nos comboios da Alemanha que decorreu durante três meses e consistiu na venda de bilhetes de 9 euros para um mês de viagens ilimitadas em comboios, eléctricos e autocarros impediu a emissão de 1,8 milhões de toneladas de CO2.
Desde a sua introdução em 1 de junho, precisamente com o objetivo de reduzir o consumo de combustível e aliviar uma crise de custo de vida, foram vendidos cerca de 52 milhões de bilhetes, um quinto dos quais a pessoas que não utilizavam habitualmente os transportes públicos.
A Associação das Empresas Alemãs de Transportes (VDV), que realizou a estimativa, afirmou que o número de pessoas que trocaram de carro para transporte público em resultado do bilhete de 9 euros esteve na origem da poupança em emissões.
“A popularidade dos bilhetes de 9 euros permanece intacta e o efeito positivo da medida no combate às alterações climáticas é inegável”, disse a VDV. Disse que as emissões poupadas eram equivalentes à potência de 350.000 casas, e uma queda semelhante seria observada durante o período de um ano se a Alemanha introduzisse um limite de velocidade nas suas auto-estradas. Um veículo de passageiros típico emite cerca de 4,6 toneladas de carbono por ano, lembra o The Guardian.
Olaf Scholz, chanceler alemão, que durante as últimas semanas foi alvo de intensas críticas pela atitude aparentemente apática em relação à subida dos preços dos combustíveis e ao aumento acentuado do custo de vida nos últimos meses, juntou-se ao coro de elogios, apelidando a campanha de “a nossa melhor ideia até agora”.
Acredita-se também que a medida pode ter tido impacto no controlo da inflação, atualmente em cerca de 8%, ligeiramente mais baixa do que teria sido de outro modo.
Do lado dos passageiros, os elogios centraram-se não só nos preços dos bilhetes, mas também na simplicidade, uma vez que a medida eliminou regras como as zonas destinadas à utilização de cada bilhete .
De acordo com os dados revelados, pouco mais de 37% das pessoas que compraram o bilhete usaram-no para chegar ao trabalho, 50% usaram-no para viagens diárias tais como ir às compras ou visitar o médico, 40% usaram-no para visitar pessoas e 33% usaram-no para viagens diárias.
Atualmente, o governo e as administrações regionais alemães estão sob pressão para dar continuidade à campanha, sendo que a expectativa é que qualquer substituição tenha um preço pelo menos seis vezes mais elevado.
De acordo com a agência ambiental federal alemã, os danos ambientais resultantes de uma tonelada de emissões de CO2 equivalem a cerca de 180 euros. Este cálculo será certamente usado como argumento para justificar a permanência da medida, mas também o financiamento da mesma por parte do governo, defendem os ativistas.
Do lado dos críticos, destacam-se os comboios superlotados e o facto de os passageiros não conseguirem transportar as bicicletas a bordo. Há ainda preocupações de que caso os bilhetes baratos continuem, exista menos dinheiro para dinamizar as redes de transporte, particularmente pobres nas zonas rurais, com uma interconectividade entre serviços independentes por vezes inexistente.