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O modelo ‘padrão’ do Big Bang sobrestima a abundância primordial do lítio — que calcula como sendo três a quatro vezes maior do que a real. Para onde foi o lítio que devia existir no Universo?
O lítio, um metal alcalino suave e de cor branca prateada, é usado no fabrico de inúmeros produtos do nosso dia-a-dia — desde aeronaves até baterias — mas é surpreendentemente raro.
Atualmente, os astrónomos não sabem por que motivo o lítio é tão raro no Universo.
Com o modelo ‘padrão’ do Big Bang, e usando o conhecimento atual de física nuclear, podemos prever com precisão a abundância dos elementos químicos que foram formados no início dos tempos — 100 a 1000 segundos após o Big Bang.
No entanto, embora o modelo padrão preveja com exatidão a abundância primordial de hidrogénio e hélio, sobrestima a abundância primordial do lítio — que calcula como sendo três a quatro vezes maior do que a real.
Portanto, diz a BBC Science Focus, ou as previsões estão imprecisas (e as medições estão corretas), ou as previsões estão precisas (e as medições estão erradas).
Os cientistas têm investigado possíveis soluções para este enigma, o chamado ‘problema do lítio’.
Uma possibilidade por vezes considerada é que algo está a falhar na nossa compreensão da física nuclear — levando-nos a sobrestimar a abundância de lítio. No entanto, estudos recentes parecem descartar completamente esta possibilidade.
Talvez então na realidade não compreendamos totalmente os processos que ocorrem no interior das estrelas — que podem estar a destruir lítio, de uma forma que está para além do que conseguimos observar.
Embora os astrónomos saibam que estrelas mais frias têm zonas de convecção profundas que podem arrastar o lítio para o núcleo da estrela e destruí-lo, e que estrelas binárias também podem alterar a abundância primordial de lítio, estes processos não parecem ser suficientes para explicar a discrepância.
Alguns cientistas sustentam que deve haver outras formas, desconhecidas, de destruir lítio no Universo. Outra possível solução para o problema do lítio é que haja uma física completamente nova, com leis diferentes, da qual não temos conhecimento.
Por outro lado, talvez a misteriosa matéria escura tenha tido um efeito subestimado na produção de elementos no início do Universo. Ou então, simplesmente as constantes fundamentais em que a física se baseia não tenham permanecido constantes ao longo do tempo cósmico.
Há numerosas teorias que tentam explicar o “problema do lítio”, mas a razão pela qual há no Universo menos quantidade do que devia haver deste precioso metal continua a ser um completo mistério.
