/

Um ano depois, Newsweek em papel renasce

manhhai / Flickr

Newsweek de 31 de dezembro de 2012, a última impressa

Newsweek de 31 de dezembro de 2012, a última impressa

A 31 de dezembro de 2012, a última edição impressa da Newsweek trazia apenas na capa a hashtag “#LastPrintIssue“. Algo como usar o último fôlego para gritar o nome do assassino.

Mas um ano depois de estar apenas disponível na Internet, a revista norte-americana Newsweek prepara-se para renascer em papel, com um modelo de negócio assente no pagamento de subscrições, em alternativa às receitas de publicidade.

Em contraciclo com as actuais tendências de mercado, o director da Newsweek, Jim Impoco, anunciou no início de Dezembro passado que a conhecida revista iria voltar a ser vendida em papel a partir deste ano, mas sem se comprometer com datas.

O anúncio apanhou de surpresa os leitores, já que a revista tinha passado a formato exclusivamente digital no início de 2013.

Os donos da Newsweek, a IBT Media, pretendem agora voltar à versão em papel, com um modelo de negócio assente em taxas de subscrição, em detrimento das receitas publicitárias.

Criada em 1933, a Newsweek, que era a segunda revista mais vendida nos EUA, passou momentos conturbados nos últimos anos, em busca de um novo rumo. Em 2010, o The Washington Post vendeu a Newsweek por um dólar ao magnata Sidney Harman, que morreu no ano seguinte.

Antes de morrer, Harman colocou a Newsweek numa ‘joint-venture’ com a IAC/InterActiveCorp, empresa de Internet que detém o The Daily Beast, numa tentativa de aumentar a sua audiência ‘online’.

No fim de 2012, a revista deixou de ser publicada em papel. Em Agosto do ano passado, a IAC/InterActiveCorp vendeu o título à IBT, empresa que detém publicações digitais como a International Business Times, por um valor que não foi divulgado.

Em Dezembro último, a revista atingiu um recorde de cinco milhões de visitantes únicos na Internet, sendo que o seu acesso ‘online’ é gratuito, embora algumas aplicações móveis sejam pagas.

A nível mundial, grande parte das revistas e jornais reduziram ou encerraram as suas edições em papel nos últimos anos devido à fraca publicidade, com o sector media em mudança acelerada.

O mercado norte-americano não ficou indiferente às mudanças: em 1940 contava com 1.878 jornais, actualmente tem cerca 1.427, de acordo com dados da Bloomberg.

As receitas da indústria de papel caíram mais de um terço desde 2005, o seu melhor ano, quando as vendas atingiram os 60,2 mil milhões de dólares (cerca de 44,2 mil milhões de euros). Desde então, as redacções têm encolhido e a maioria dos jornais estão a imprimir menos notícias.

Entretanto, o número de produtores de conteúdos na Internet tem vindo a multiplicar-se, incluindo blogues, com o objectivo de aumentar as audiências, mas os leitores ‘online’ continuam a não ter tanto valor para os anunciantes como os de papel, segundo a Bloomberg.

DonkeyHotey / Flickr

Jeffrey Preston Bezos, aka Jeff Bezos, undador e CEO da Amazon e novo proprietário do The Washington Post

Jeffrey Preston Bezos, aka Jeff Bezos, undador e CEO da Amazon e novo proprietário do The Washington Post

Desde 2011 que jornais como o New York Times, The Washington Post ou Chicago Tribune avançaram para as subscrições digitais, na esperança que os leitores paguem para garantir o formato tradicional. Actualmente, cerca de 41% dos jornais norte-americanos cobram ‘online’.

Uma das grandes surpresas no sector em 2013 foi a venda do The Washington Post, que esteve nas mãos da família Graham durante 80 anos, ao fundador da Amazon, Jeff Bezos, por 250 milhões de dólares (183,6 milhões de euros, à taxa de câmbio actual), aguardando-se novidades sobre o seu futuro.

Também a revista norte-americana New York, criada em 1968, vai deixar de ser publicada mensalmente a partir de Março, devido às dificuldades que atravessa.

Dentro de dois meses, a New York, que divulga temas de política, cultura, moda e entrevistas, será bimensal e a sua página na Internet, Nymag.com, será remodelado, com um novo blogue, mais política e maior cobertura de eventos de cultura e moda.

ZAP/Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.