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Último aviso da Cassini: se for a Saturno, leve guarda-chuva

NASA / /JPL-Caltech

A sonda Cassini da NASA

Se está a pensar fazer uma viagem até Saturno deixamos um conselho: não se esqueça do guarda-chuva. Cientistas norte-americanos descobriram recentemente que os anéis de Saturno podem produzir uma espécie de chuva.

A sonda Cassini viveu em setembro os seus últimos momentos de vida. Em 1997, foi lançada pela NASA com o objetivo de estudar profundamente o planeta Saturno, as suas luas e os arredores. No final do ano de 2004, soltou a sonda Huygens na superfície da lua Titã e dedicou os seus últimos 13 anos de vida a orbitar o planeta dos anéis.

Cassini sempre surpreendeu os astrónomos e, como seria de esperar, os seus últimos momentos não foram exceção. Um artigo, publicado na revista Science esta segunda-feira, é a prova disso mesmo.

Segundo a Hypescience, o estudo analisa a ionosfera de Saturno, um segmento da atmosfera superior preenchido com partículas que adquiriram uma carga magnética. A ionosfera apresentou variações que intrigaram os cientistas, nomeadamente na temperatura e densidade, que sugeriram algumas explicações possíveis para o fenómeno.

Os registos mostraram que os anéis “lançam sombras sobre Saturno”, o que pode provocar uma espécie de chuva – um facto desconhecido até então. Além das “nuvens” criadas pelos anéis, este comportamento anormal da ionosfera pode também ser explicado pela ocorrência de ventos fortes ou até por uma “chuva de anéis” congelada.

Os anéis de Saturno são constituídos por sete anéis principais, separados por algumas faixas vazias, com partículas de gelo, poeira, água e material rochoso com tamanhos variados.

A ionosfera, localizada a uma altitude entre os 2,6 mil e os 4 mil quilómetros, apresenta uma ionização reduzida em regiões onde a radiação ultravioleta solar é bloqueada pelos anéis. Ou seja, isto faz com que a atmosfera de Saturno mude, de maneiras desconhecidas até então, provocando, por exemplo, a “chuva de Saturno”.

“Estas são as primeiras observações diretas da ionosfera superior de Saturno”, afirma William Kurth, cientista da Universidade de Iowa, nos EUA. Segundo o cientista, este é o primeiro estudo de muitos outros que poderão surgir sobre a ionosfera de Saturno e as suas interações com os anéis.

Esta não é, porém, a primeira vez que as chuvas dos anéis são apontadas como uma explicação para os fenómenos de Saturno. Desde de 2013, os cientistas acreditam que podem ser a causa para misteriosos sinais de rádio, algo que vinha sendo discutido desde os anos 1980.

Ainda que seja uma explicação viável, não pode ser apontada como uma certeza absoluta. Kurth acredita que a resposta definitiva surgirá de futuras observações de rádio e de plasma, que fornecerão a base para possíveis missões de retorno ao sistema saturniano.

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