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Chegou o dia do adeus para a incrível sonda Cassini

kevinmgill / Flickr

A sonda Cassini sobre Titã, Encelado e Saturno

A sonda Cassini da NASA está na aproximação final a Saturno, após a confirmação dos navegadores da missão de que está em curso para mergulhar na atmosfera do planeta esta sexta-feira, dia 15 de setembro.

A sonda Cassini termina o seu estudo de 13 anos do sistema saturniano com um mergulho intencional no planeta para garantir que as luas – em particular Encélado, com o seu oceano subterrâneo e sinais de atividade hidrotermal – permanecem pristinas para exploração futura.

O mergulho fatídico da nave é a última etapa do Grande Final da missão, após 22 passagens rasantes semanais, que começaram no final de abril, entre a divisão que separa Saturno dos seus anéis. Nenhuma sonda jamais se tinha aventurado tão perto do planeta.

Os cálculos finais da missão preveem que a perda de contacto com a Cassini ocorra às 12h55 (hora portuguesa). A Cassini entra na atmosfera de Saturno aproximadamente um minuto antes, a uma altitude que ronda os 1.915 km acima do topo das nuvens do planeta (a altitude onde a pressão do ar é de 1 bar, o equivalente ao nível do mar na Terra).

Durante o mergulho pela atmosfera, a velocidade da Cassini rondará os 113 mil km/h. Tem lugar no lado diurno de Saturno, perto do meio-dia local, com a nave a entrar na atmosfera aproximadamente aos 10º latitude norte.

Quando a Cassini começar a encontrar a atmosfera de Saturno, os propulsores de controlo de atitude da nave começam a disparar em breves pulsos para trabalhar contra o gás fino com o objetivo de manter a antena de alto ganho apontada para a Terra e assim transmitir os preciosos dados finais da missão.

À medida que a atmosfera fica mais espessa, os propulsores são forçados a aumentar a atividade, passando de 10% da sua capacidade para 100% num minuto. Assim que estiverem na capacidade máxima, os propulsores não conseguem mais estabilizar a sonda e esta começará a cair.

Quando a antena apontar apenas algumas frações de grau para longe da direção da Terra, as comunicações serão cortadas permanentemente. A altitude prevista para a perda de sinal ronda os 1500 km acima do topo das nuvens de Saturno. A partir desse ponto, a Cassini começa a arder como um meteoro. Cerca de 30 segundos após a perda de sinal, começará a fragmentar-se. Prevê-se que em dois minutos todos os fragmentos da sonda sejam completamente consumidos na atmosfera de Saturno.

Devido ao tempo de viagem dos sinais de rádio, que varia consoante a distância que separa os planetas, os eventos têm lugar 83 minutos antes de serem captados na Terra.

Isto significa que, apesar da sonda começar a cair e cortar comunicações às 11h31 (hora portuguesa), o sinal desse evento só vai ser recebido na Terra 83 minutos mais tarde.

“O sinal final da Cassini será como um eco. Vai viajar pelo Sistema Solar durante quase hora e meia depois da própria Cassini desaparecer,” comenta Earl Maize, gestor do projeto Cassini no JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia.

“Mesmo sabendo que, em Saturno, a Cassini já se entregou ao destino, a sua missão só acaba realmente quando nós, cá na Terra, recebermos o seu último sinal”.

As últimas transmissões da Cassini vão ser recebidas por antenas da rede DSN (Deep Space Network) da NASA em Canberra, na Austrália.

A Cassini está preparada para fazer observações científicas únicas de Saturno, usando oito dos seus 12 instrumentos científicos, incluindo os seus magnetómetros, espectrómetros e sistema rádio de ciência.

Entre estas destacam-se as observações pelo INMS (Ion and Neutral Mass Spectrometer) durante o mergulho. O instrumento vai “provar” diretamente a composição e estrutura da atmosfera, o que não pode ser feito a partir de órbita. A nave estará orientada de modo a que o INMS esteja na direção do movimento, para permitir o melhor acesso possível aos gases atmosféricos.

O canal da NASA vai emitir, entre as 12h00 e as 13h30 (hora portuguesa), comentários e vídeos em direto do Controlo da Missão no JPL neste link.

// CCVAlg

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