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A meio do caminho, UE e Reino Unido estão longe do acordo

Patrick Seeger / EPA

Ursula Von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia

“No pouco tempo que há pela frente”, o bloco europeu vai fazer tudo ao seu alcance para alcançar um acordo com o Reino Unido, garantiu Ursula von de Leyen.

A presidente da Comissão Europeia disse, esta quarta-feira, que a recusa de Londres em prolongar o período de transição significa que a União Europeia e o Reino Unido estão a meio do período de negociações, “mas definitivamente não a meio caminho de um acordo”.

Num debate sobre as negociações em curso entre UE e Reino Unido relativamente à futura parceria no pós-Brexit, Ursula von de Leyen, reportando-se à videoconferência da passada segunda-feira entre os líderes das instituições europeias e o primeiro-ministro britânico, apontou que Boris Johnson “confirmou que não quer prolongar o período de transição além do final deste ano”, apesar de a UE sempre ter deixado a porta aberta a esse cenário.

“Do nosso lado, sempre estivemos disponíveis para conceder uma extensão, mas são necessários dois para dançar o tango, e isto significa que estamos agora a meio do período de negociações, apenas com cinco meses pela frente. Mas definitivamente não estamos a meio caminho de alcançar um acordo”, sublinhou.

A presidente do executivo comunitário reiterou que, “no pouco tempo que há pela frente”, o bloco europeu vai fazer tudo ao seu alcance para alcançar um acordo com Londres.

“Vamos ser construtivos, como sempre fomos, e seremos criativos para encontrar um terreno comum, mesmo onde parece não haver nenhum. O que não estamos dispostos a fazer é colocar em questão os nossos princípios e a integridade da nossa União”, advertiu.

“Ninguém pode dizer ao certo como estarão as negociações no final do ano. O que sei é que seguramente nós teremos feito tudo para alcançar um acordo e ter um bom início de relação com o Reino Unido enquanto país terceiro”, acrescentou, saudando ainda o “excelente trabalho” que tem sido desenvolvido pelo negociador-chefe, Michel Barnier.

Já Barnier, no encerramento do debate, voltou a queixar-se da postura negocial do Reino Unido – criticada também por muitos dos eurodeputados que intervieram -, acusando Londres de querer apenas abordar as questões económicas do seu interesse e de pretender ser um ‘quase-membro’, designadamente do mercado único, mas só a nível de benefícios, e não de obrigações.

Ainda assim, o responsável francês considerou ser “possível” alcançar um acordo até final do ano, mas reiterou que a UE não fechará um acordo “a qualquer preço” e que está a preparar-se para um cenário de não-acordo.

Após o debate desta quarta-feira, o Parlamento Europeu adotará na quinta-feira uma resolução sobre as negociações com o Reino Unido, tema que também faz parte da agenda da cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE que se celebra na próxima sexta-feira por videoconferência.

Na videoconferência celebrada na passada segunda-feira, as partes comprometeram-se a “trabalhar arduamente” para chegar a um acordo sobre as relações pós-Brexit antes do final do ano, tendo ficado clara a decisão do Reino Unido de não solicitar qualquer extensão ao período de transição que acaba em 31 de dezembro de 2020.

Britânicos “estão fartos” de falar do Brexit

Boris Johnson argumentou, esta quarta-feira, que os britânicos “estão fartos” de falar sobre o Brexit para justificar a recusa em pedir à União Europeia um prolongamento das negociações para um acordo bilateral.

“Eu acho que as pessoas deste país estão sinceramente fartas de continuar a falar sobre o Brexit e o que querem é que seja concretizado. Nós executámo-lo (com a saída formal do bloco em 31 de janeiro) e agora estamos a avançar”, disse, durante o debate semanal no parlamento, em resposta ao líder interino dos Liberais Democratas, Ed Davey.

O instituto nacional de estatísticas britânico (ONS) revelou na semana passada que o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido contraiu 20,4% em abril, uma queda mensal recorde resultante da interrupção da atividade económica durante o período do confinamento iniciado a 23 de março.

No entanto, Johnson disse que a saída da União Europeia vai dar ao Reino Unido maior flexibilidade na resposta à crise económica causada pela pandemia.

“Vamos poder fazer coisas de forma diferente e responder às necessidades económicas de forma criativa e construtiva, olhando para a regulamentação e formas de apoiar as indústrias que não poderíamos fazer antes”, vincou.

ZAP // Lusa

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