Soldado ucraniano nadou durante 14 horas. Adormeceu no mar mas sobreviveu

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Ministério da Defesa da Rússia

Cruzador russo RTS Moskva em exercícios no Mar Negro

Quando acordou no hospital, Conan não sentia qualquer dor. Agora partilha o episódio com todos para que “ninguém desista”.

Conan é um soldado ucraniano que passou a ser herói, referência no seu país natal.

Conan, nome fictício, “já é uma lenda, não só da nossa unidade, mas também de todas as forças especiais”, descreveu o Major Victor Torkotyuk.

Agora é o próprio soldado que conta ao Ukrainska Pravda o que lhe aconteceu durante uma operação no Mar Negro, há um mês.

O barco onde seguia começou a ser bombardeado por um avião russo. Num primeiro momento, os ucranianos atingiram o alvo e ficaram “descansados” durante algum tempo.

Mas na madrugada seguinte, já a 30 quilómetros do conflito anterior, novos ataques e o soldado caiu do barco.

Os seus compatriotas ainda tentaram retirá-lo da água mas os ataques russos continuavam e o próprio soldado disse-lhes para irem embora.

“Porque entendi perfeitamente que a tripulação do barco, que é de 13 pessoas, é mais preciosa do que eu”, justifica.

Ficou no mar sozinho, sem equipamento, só com um colete. E pesa 120 quilos.

Estava a 130 quilómetros da costa.

Entrou em pânico, sem saber o que iria acontecer a seguir. Mas sabia para onde queria ir: uma torre de produção de gás. Até porque era o único ponto de referência, está em constante combustão e era o único local que conseguia ver no mar.

Mas ficava a 20 quilómetros do sítio onde estava. Mesmo assim, e porque tinha noção de que ninguém iria lá salvá-lo (os ataques aéreos não paravam), começou a nadar.

Aí começou outro combate: contra a corrente muito forte naquela zona do Mar Negro. Tinha de estar constantemente em movimento porque, se parasse, todos os metros que tinha avançado tinham sido em vão e iria voltar onde estava (ou mais atrás).

Claro que, a certa altura, pensou em desistir. Mas pensou na vida, na família, no filho que nem um ano tinha. E continuou.

“A certa altura começaram as alucinações: calor, desidratação, cansaço. Pensei que havia um barco à minha frente. E só com o tempo percebi que era a mesma torre”, relata.

A corrente ficou ainda mais forte e levou-o 400 metros para trás. Estava a nadar há mais de 10 horas e começou a sentir-se sem forças.

Até que adormeceu.

Quando acordou, viu que estava ainda mais longe da tal torre de produção de gás. Tirou o colete (muito calor, próximo da torre que é muito quente) e começou a ser visitado… por gaivotas. Animais sentados em cima dele.

E eis que aparece um navio.

Quando viu que o navio estava a ser atacado por um avião russo, teve a certeza de que aquele navio era ucraniano. Mas a embarcação deu meia volta, seguiu para o lado contrário.

Mesmo assim, aquela passagem do navio deu forças a Conan, que começou a acreditar que havia mais alguém por perto.

Nadou, nadou ainda mais… e cruzou-se com um barco ucraniano.

Foi salvo.

Cerca de 20 ou 25 quilómetros depois, e 14 horas depois de ter começado a nadar, foi salvo por compatriotas.

Estava desidratado, com temperatura de 35,5. ºC, mas no dia seguinte, já no hospital, não sentia dor nenhuma. Mesmo durante a prova improvisada de natação, nunca sentiu cólicas ou dores fortes; apenas o cansaço normal.

Pelo meio, nessas horas seguintes, só queria comer maçãs e beber água doce.

Sobreviveu. “E agora, tanto quanto puder, tentarei transmitir a minha história a outras pessoas. Para quê? Para que não desistam”.

ZAP //

2 Comments

  1. Só pode ser tuga esse Conan. Até o nome é tuga. Ele perdeu-se no caminho para as Índias e acabou sendo levado pela corrente até ao Negro. Desconfia-se de novo record tuga.

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