Ucrânia recuperou 1000 km2 em 8 dias. Kiev exige a Moscovo indemnização de 300 mil milhões

Atef Safadi / EPA

Desde 01 de setembro, as tropas ucranianas recuperaram dezenas de localidades, em mais de mil quilómetros quadrados de território que estava sob controlo das tropas russas, avançou na quinta-feira pelo Presidente da Ucrânia.

“Toda a atividade estatal está focada nas necessidades na linha da frente e na proteção do nosso povo”, garantiu Volodymyr Zelenskyy no discurso diário. O líder ucraniano foi escasso nos detalhes, no entanto, na quinta-feira à tarde partilhou no Telegram um vídeo sobre a recuperação da cidade de Balakliia, em Kharkiv.

No vídeo estão três soldados ucranianos a pisar a bandeira russa, enquanto por trás foi içada a bandeira nacional. “Senhor Presidente, senhor comandante, a cidade de Balakliia, na região de Kharkiv está no nosso controlo”, disse um dos militares, segundo a tradução da CNN.

Na descrição, Zelenskyy escreveu que tudo está no seu lugar e que a bandeira “está numa cidade ucraniana livre sob um céu ucraniano livre”.

As notícias surgem depois de, na semana passada, a Ucrânia ter lançado uma ofensiva contra as forças russas no sul do país. Entretanto também na região de Kharkiv foram registados avanços, onde, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, a contra-ofensiva ucraniana está a ser “altamente eficaz”.

Esta quinta-feira, Zelenskyy esteve reunido com o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, em Kiev. Os Estados Unidos (EUA) anunciaram um apoio militar no valor de 675 milhões de dólares.

Kiev exige a Moscovo indemnização

O ministro da Justiça ucraniano, Denys Maliuska, disse, numa entrevista publicada esta sexta-feira, que o país vai exigir à Rússia mais de 300 mil milhões de euros em indemnizações pela invasão da Ucrânia.

“O nosso objetivo é chegar a uma resolução numa sessão especial da Assembleia Geral da ONU, em outubro, que lançará as bases para um mecanismo internacional de indemnização”, disse numa entrevista ao Waz, citado pela agência Lusa.

“Queremos uma compensação por todos os danos que a Rússia causou na Ucrânia através da sua guerra de agressão. Os danos diretos causados pela destruição de infraestruturas, edifícios residenciais ou indústria ascendem a mais de 300 mil milhões de euros”, referiu Maliuska.

O ministro também mencionou “danos ambientais” bem como “danos pessoais infligidos às vítimas de guerra”, que considerou incalculáveis. “Assumimos que centenas de milhares de pessoas tenham morrido por causa da guerra. Os familiares têm direito a uma indemnização”, disse Maliuska.

O governante disse já ter pedido o acesso às reservas do banco central russo congeladas pelos países do G7.

Maliuska salientou ainda que os ativos de empresas estatais russas, como a Gazprom ou a Rosneft, “devem fluir para este fundo”, bem como o dinheiro das contas dos oligarcas russos e dos seus ativos no estrangeiro, alvo de sanções internacionais.

Entretanto, o representante permanente da Rússia junto das organizações internacionais em Viena, Mikhail Ulyanov, desvalorizou o impacto das sanções impostas pelo Ocidente, que aponta terem ascendo às 11 mil.

“Os cidadãos russos não notaram isso até ao momento”. Noutra publicação, disse que “pela primeira vez na história, as nações Ocidentais enfrentam as consequências das sanções que impuseram contra outro Estado”.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

Na guerra, a ONU apresentou como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.

EUA aplicam sanções ao Irão

Os Estados Unidos (EUA) vão aplicar sanções contra a Guarda Revolucionária e várias empresas iranianas envolvidas na entrega de drones de combate à Rússia para utilização no conflito na Ucrânia, divulgou na quinta-feira o Departamento do Tesouro norte-americano.

As sanções têm como alvo principal a Guarda Revolucionária, corpo paramilitar do Irão, já alvo de várias medidas, em particular devido à questão nuclear iraniana, estando também na ‘lista negra’ norte-americana de “organizações terroristas”.

Os EUA “pretendem aplicar rigorosamente todas as nossas sanções contra a Rússia e o Irão e responsabilizar todos aqueles que, como o Irão, escolherem apoiar a Rússia na sua guerra de agressão contra a Ucrânia”, disse, citado no comunicado, o subsecretário do Tesouro para Terrorismo e Inteligência Financeira, Brian Nelson.

Várias empresas envolvidas na investigação, desenvolvimento e produção de ‘drones’, bem como a empresa iraniana encarregada de transportá-los para a Rússia, também são alvos diretos das sanções.

As sanções previstas referem-se ao congelamento de todos os bens e propriedades detidos por estas empresas nos EUA e aumentam o risco das empresas internacionais que negociarem com os visados.

O Irão anunciou na segunda-feira que está a considerar comprar caças russos Sukhoi Su-35, segundo o responsável da Força Aérea Iraniana, o general Hamid Vahedi.

ZAP //

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