Zelenskyy anuncia ofensiva diferente: ter a Síria como aliada da Ucrânia

Robert Ghement / EPA

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky

Kiev já está a tratar do restabelecimento das relações diplomáticas com a Síria, depois da queda do governo de Bashar al-Assad.

Há cerca de dois anos e meio, em Junho de 2022, a a Ucrânia cortou laços diplomáticos com a Síria.

Nessa altura, numa fase ainda inicial da guerra, o Governo liderado por Bashar al-Assad reconheceu a “independência” dos territórios ocupados pela Rússia em Donetsk e em Luhansk.

Mas agora o cenário é diferente: Bashar al-Assad foi derrubado pelos rebeldes – e fugiu precisamente para a Rússia, que era uma forte aliada do agora ex-presidente da Síria.

Agora, a Ucrânia começa a mexer-se: quer recuperar relações diplomáticas com a Síria.

Volodymyr Zelenskyy confirmou na noite passada: “Estamos a preparar-nos para reatar relações diplomáticas com a Síria e a cooperação em organizações internacionais”.

O presidente já tinha anunciado que a Ucrânia vai enviar 500 toneladas de farinha de trigo para a Síria, no âmbito de uma parceria entre o seu Governo e o Programa Alimentar Mundial da ONU.

Vitaly Koval, ministro da Política Agrária e Alimentação da Ucrânia, reforçou: “Hoje, ao nível do diálogo governamental, nós entendemos claramente que o apoio deve ser sustentável e não ocorrer de forma única, mas sim duradoura e previsível” em relação à Síria.

São movimentações de uma ofensiva diferente por parte de Volodymyr Zelenskyy: a ofensiva diplomática de ter a Síria como importante aliada da Ucrânia.

Como reforça o Observador, o presidente da Ucrânia já prometeu uma parceria estratégica com o novo regime da Síria, recuperando relações diplomáticas e a cooperação económica com o país asiático.

E não escondeu a sua intenção: “Temos a oportunidade de ajudar a restabelecer a estabilidade da Síria após anos da interferência da Rússia e isso vai indiscutivelmente apoiar os nossos próprios esforços para restaurar a paz para nós”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andrii Sybiha, acrescentou que o Governo de Kiev está “pronto para abrir uma nova página nas relações bilaterais, estabelecer laços diplomáticos baseados no respeito mútuo pela integridade territorial e da soberania.”

Até porque, continuou o ministro, ucranianos e sírios passaram ou passam pelo mesmo: guerras. Experiências idênticas, o “mesmo sofrimento”.