Turquia vai à segunda volta. Kiliçdaroglu promete derrotar Erdogan

Sedat Suna / EPA

Manifestação de apoio a Kemal Kiliçdaroglu, candidato às eleições presidenciais na Turquia

Com 99% dos votos contados, 49,4% são de Erdogan e 45% do opositor social-democrata Kemal Kiliçdaroglu, que já se concentra na segunda volta. Com os votos estrangeiros por contar, Erdogan ainda acredita na maioria absoluta que resguarda desde 2014.

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou hoje ter uma “clara vantagem” na corrida presidencial e não afasta ainda a hipótese de obter a maioria absoluta na primeira volta das eleições com lugar no domingo.

“Não sabemos se isto vai acabar na primeira ou na segunda volta”, disse o islamista.

O resultado provisório dá-lhe, por enquanto, apenas 49,4% dos votos, mas o atual líder turco indicou que há ainda que contabilizar os boletins dos cidadãos turcos residentes no estrangeiro, que costumam maioritariamente apoiá-lo.

“Embora os resultados não sejam ainda claros, lideramos a contagem com uma clara vantagem”, disse o chefe de Estado turco, perante uma multidão de apoiantes reunidos de madrugada em Ancara (02:30 locais, 23:30 TMG e 00:30 de Lisboa), acrescentando que graças ao voto no estrangeiro ainda tem a possibilidade de obter novamente a maioria absoluta que tem desde 2014 e que renovou em 2018.

Na Alemanha, onde residem aproximadamente metade dos cidadãos turcos no estrangeiro, Erdogan obteve 65% dos votos.

“Penso que terminaremos esta eleição com mais de 50% dos sufrágios – o povo escolheu a estabilidade e a segurança nestas eleições presidenciais”, sustentou.

Apesar disso, acrescentou que, se for necessário, está pronto para disputar uma segunda volta, afirmando: “Respeitamos este escrutínio e respeitaremos o resultado da próxima eleição”.

“Pouco importa o resultado, 27 milhões de pessoas preferiram votar em nós”, insistiu Erdogan perante os apoiantes, enquanto a contagem dos votos prossegue.

Será a primeira vez em 20 anos, desde que está no poder na Turquia, que Erdogan se verá obrigado a disputar uma segunda volta, contra o adversário social-democrata Kemal Kiliçdaroglu, candidato por uma coligação inédita de seis partidos da oposição.

Quanto às eleições legislativas, também realizadas no domingo, Erdogan proclamou a vitória por maioria absoluta no parlamento de 600 lugares.

“Nas eleições legislativas, está claro que a Aliança Popular obteve a maioria. A maioria parlamentar pertence à Aliança”, acrescentou Erdogan, referindo-se à coligação formada pelo seu partido, o islamista AKP, com o nacionalista MHP e outras formações menores.

Kiliçdaroglu promete vitória na segunda volta

O candidato presidencial da oposição turca, Kemal Kiliçdaroglu, que afirmou ontem estar “à frente” no escrutínio das eleições presidenciais, obteve até agora 45% dos votos, segundo a contagem parcial divulgada pela agência de notícias oficial Anatólia.

O candidato da oposição na Turquia prometeu derrotar o atual presidente “na segunda volta” das eleições realizadas no domingo.

“Se a nossa nação pedir uma segunda volta, aceitaremos com prazer. E com certeza venceremos essa segunda volta”, disse Kiliçdaroglu de madrugada, na capital Ancara, rodeado por representantes da coligação inédita de seis partidos da oposição que o apoiam.

Erdogan, que está há 20 anos no poder na Turquia, tendo maioria absoluta desde 2014, “não conseguiu obter o resultado que esperava, apesar de todos os insultos” proferidos contra os rivais, sublinhou o opositor.

“A necessidade de mudança na sociedade é superior [a] 50%; temos absolutamente de vencer e instalar a democracia neste país”, disse Kiliçdaroglu.

Kiliçdaroglu denunciou durante a noite eleitoral que o partido de Erdogan, o AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento), “está continuamente a impugnar as atas da votação e a bloquear o sistema” de apuramento dos resultados nas regiões onde a oposição é mais forte.

Vários dirigentes do CHP (Partido Republicano do Povo), partido de Kiliçdaroglu, asseguraram que, quando todos os votos estiverem contabilizados, será ele quem estará na liderança da corrida presidencial.

Se nenhum dos candidatos conseguir ultrapassar 50% dos votos, realizar-se-á uma segunda volta das eleições presidenciais, em 28 de maio.

ZAP // Lusa

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