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O turismo de massas está a destruir cidades (e uma delas é o Porto)

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As companhias aéreas low cost contribuem cada vez mais para o turismo de massas e a cidade do Porto já está a sentir os efeitos.

Segundo a revista alemã Spiegel, as grandes concentrações de turistas estão a destruir os principais destinos turísticos e a dificultar cada vez mais a vida dos residentes dessas regiões. O Porto é uma das cidades portuguesas mais ameaças pelo turismo de massas.

Portugal está a sentir um enorme crescimento a nível turístico, e a Invicta não foge à regra. Só no ano passado, cerca de 2.5 milhões de turistas visitaram a cidade e metade deles foi à descoberta da Livraria Lello, um ponto turístico obrigatório no Porto. Esta livraria, que recebe um grande número de visitantes por ano, viu-se obrigada a começar cobrar cinco euros de entrada para conseguir manter as portas abertas.

O turismo moderno alterou a forma como encaramos o verbo “viajar”, e as companhias aéreas low cost ajudaram na mudança deste paradigma. Em 1997, foram transportados globalmente 1.45 biliões de passageiros. Vinte anos mais tarde, em 2017, este número tinha subido para 3.98 biliões.

Invariavelmente, têm sido os turistas, e não os residentes locais, a transformar e a moldar a imagem de algumas das mais bonitas e famosas cidades europeias, incluindo o Porto.

O turismo predatório moderno é uma das formas de turismo que tem desgastado as cidades. A maioria destes viajantes permanecem pouco tempo nos locais, mas comportam-se como se a cidade fosse deles, explica a Volta ao Mundo.

Com as infraestruturas locais e as cidades sobrelotadas, quem mais sofre são os residentes locais – e o fenómeno faz-se notar num aspeto em particular: é muito mais rentável alugar um quarto a um turista do que a um habitante local.

Desta forma, a indústria do turismo enfrenta um novo obstáculo: os anfitriões dos alojamentos. O problema originou protestos um pouco por todo o mundo, nomeadamente em Veneza, onde foi proibida a entrada de navios de cruzeiro no porto da cidade.

Turistas vão para casa“, a frase pintada nas paredes, começa a ser uma vista comum em locais com grandes concentrações turísticas.

Portugal é um dos países em que o turismo aumenta a passos largos, e com isso os serviços associados — como a construção de hotéis, a abertura restaurantes e lojas de souvenirs, ou o aluguer de viaturas.

O turismo é bom, o excesso de turismo é prejudicial. A indústria do turismo tem começado a reconhecer este problema, mas, questiona a Spiegel, será possível solucioná-lo com o número de turistas a aumentar cada vez mais?

ZAP //

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    • A Lello recebe todos os dias a visita de milhares de turistas que entram de nariz no ar só para ver as escadas e passear lá por dentro. Os 5€ são taxa para turista. À saída, quem tiver comprado um livro recebe os 5€ de volta, que são descontados no preço do livro. Parece-me muito bem pensado.

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