/

TSF ameaçada de extinção. Despedimento coletivo atinge quase 50% dos trabalhadores

1

António Cotrim / Lusa

A Comissão de Trabalhadores (CT) da TSF defendeu hoje ser “completamente impossível” fazer rádio, como os portugueses a conhecem, com menos 30 pessoas, avisando que a TSF “está em vias de extinção”.

A rádio que, por uma boa notícia vai até ao fim da rua, poderá deixar de conseguir ir até ao fim do mundo buscá-la.

Os trabalhadores da TSF estiveram reunidos em plenário esta quarta-feira, no mesmo dia que foram recebidos, juntamente com os representantes do Jornal de Notícias, O Jogo, Diário de Notícias e Global Imagens pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

“O que existe é uma forte preocupação e também alguma revolta por parte dos trabalhadores. A grande conclusão é que a TSF está em vias de extinção“, adiantou à Lusa Filipe Santa Bárbara da CT da TSF.

“É completamente impossível fazer a rádio, a que os portugueses se habituaram ao longo dos últimos 35 anos, com menos 30 pessoas”, acrescentou.

A Administração do Global Media Group (GMG), que detém a TSF, abriu um programa de rescisões por mútuo acordo abrangendo 150 trabalhadores, para trabalhadores até 61 anos, com contrato sem termo, sendo que as compensações serão divididas por 18 meses.

São elegíveis a este programa “os trabalhadores com idade até 61 anos (inclusive), com contrato sem termo celebrado com as empresas Global Notícias, Rádio Notícias, Notícias Direct, Naveprinter, Açormedia ou RCA há mais de 12 meses e que estejam ao serviço na presente data”.

Segundo Augusto Correia, dirigente sindical e jornalista do Jornal de Notícias, este será o quarto despedimento coletivo neste milénio, desde 2002. “Até agora, foram despedidas 340 pessoas nesta empresa, mais de 100 jornalistas. A avançar agora, este será também o despedimento mais gravoso de sempre, de 150 pessoas”.

A administração do GMG adiantou que o “período para apresentação de pedidos de adesão a este programa termina a 20 de dezembro de 2023”, sendo que “as saídas dos trabalhadores, cujo pedido de adesão seja aceite pela Administração, ocorrerão até 31 de janeiro de 2024, exceto situações especiais em que poderá ser acordada outra data”.

No caso da TSF, o corte será de quase 50% dos recursos humanos e, por isso, os trabalhadores acordaram também hoje “mobilizar a sociedade civil” em torno da importância da rádio.

“É nossa intenção mostrar que a TSF está ameaçada na sua estrutura. Sabemos que não é intenção do grupo fechar a rádio. A ideia é fazer uma reformulação, mas isso não será a TSF. É sobre isso que gostávamos que a sociedade estivesse ciente”, sublinhou Filipe Santa Bárbara, acrescentando que, perante a atual conjuntura da comunicação social, “é também a democracia que perde”.

Esta terça-feira, a CT da TSF confirmou, em comunicado, ter sido informada do pedido de demissão em bloco da direção da rádio.

A direção da TSF, constituída por Rui Gomes (diretor-geral), Rosália Amorim (diretora de informação) e Artur Cassiano (subdiretor de informação), iniciou funções no passado dia 02 de outubro, ou seja, há pouco mais de dois meses.

O GMG tinha adiantado que iria negociar “com caráter de urgência” rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar “a mais do que previsível falência do grupo“, como anunciou no dia 06 de dezembro, num comunicado interno.

“Face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa“, a administração do GMG avança ainda que “o pagamento do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano”.

O GMG atribuiu o fracasso da venda das suas participações na agência Lusa a um “processo de permanente interferência política“, garantindo que a operação financeira “estava totalmente fechada”, com o “acordo expresso” do PSD.

Atualmente, o Estado possui 50,15% da Lusa, enquanto a Global Media detém 23,36% e a Páginas Civilizadas 22,35%. O fundo suíço Union Capital Group controla 51% do capital da Páginas Civilizadas, a qual detém 41,5% da Global Media.

O Governo pretendia adquirir a participação da Global Media na Lusa, apesar da posição contrária do PSD e da alegada falta de conhecimento de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o negócio.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. O dinheiro digital precisa da destruição da economia para entrar em vigor. Acabar com empresas e extinguir postos de trabalho é fundamental.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.