Trump pressiona reabertura de escolas apesar do crescimento de casos de covid-19 nos EUA

Chris Kleponis / EPA

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

O Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, prometeu exercer pressão sobre os estados para reabrir as escolas neste outono, apesar do aumento do número de casos de covid-19 em várias regiões do país.

“Vamos pressionar os governadores e todo o mundo para abrir as escolas”, disse Trump  na tarde de terça-feira, na Casa Branca. “Abram no outono. Queremos que as suas escolas sejam abertas”, afirmou, durante uma mesa redonda onde estavam presentes a primeira-dama, Melania Trump, funcionários do Governo e professores.

Apesar dos comentários de Trump, altos funcionários do Governo indicaram aos jornalistas na manhã de terça-feira que a decisão de reabrir escolas públicas é uma decisão local, noticiou na terça-feira a NPR.

“O nosso objetivo agora é trabalhar de mãos dadas com as jurisdições locais para ajudá-las a ver a melhor forma de reabrir as escolas de maneira segura e voltar para onde realmente preferiríamos estar na primavera deste ano, que era ter a componente educacional ativa disponível para os alunos”, referiu um desses funcionários.

Na segunda-feira, Trump publicou no Twitter que as escolas devem ser abertas. No entanto, durante o evento de terça-feira, sublinhou que não quer ver a questão politizada. “Esperamos que a maioria das escolas seja aberta. Não queremos que as pessoas façam declarações políticas ou o façam por razões políticas. Eles [governadores] acham que será bom para eles politicamente, então mantêm as escolas fechadas. De jeito nenhum”, frisou.

Não é a primeira vez que Trump vincula a reabertura de escolas a intenções políticas. Noutra publicação no Twitter, escreveu que o candidato democrata Joe Biden não quer que as escolas abram no outono por “razões políticas”.

As autoridades do Governo reconheceram o risco de os estudantes transmitirem o vírus para populações mais vulneráveis, mas enfatizaram que o encerramento das escolas prejudica “os serviços críticos para as crianças e as suas famílias”.

Manuel de Almeida / Lusa

O Governo garantiu que partilharia com os estados as “melhores práticas” para a reabertura, de acordo com as recomendações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, mas não avançaram medidas concretas para mitigar os riscos.

Durante a reunião, a primeira-dama enfatizou a experiência holística da escola que as crianças perderam durante a pandemia. “Quando as crianças estão fora da escola, perdem mais do que apenas tempo na sala de aula”, frisou. “Estão a perder o riso dos seus amigos, a aprendizagem com os professores e a alegria dos intervalos e da brincadeira”.

Grupos de educação do país pediram 200 mil milhões de dólares (cerca de 177 mil milhões de euros) em financiamento federal para reabrir com segurança e organizar os orçamentos estaduais. Até agora, 3,5 mil milhões (aproximadamente 3,1 mil milhões de euros) foram destinados à educação básica.

O Senado, controlado pelos republicanos, não aceitou um projeto de lei aprovado pelos democratas da Câmara, que alocaria centenas de mil milhões ao valor total.

O encerramento das escolas nesta primavera teve um custo económico, com muitos pais a trabalhar em casa e os seus filhos ter aulas ‘online’. Em orientações divulgadas na semana passada, a Academia Americana de Pediatria pediu que as crianças voltassem para as salas de aula neste outono.

O esforço para reabrir as escolas segue os novos regulamentos divulgados pela Imigração e Alfândega dos EUA, nos quais os estudantes estrangeiros com aulas ‘online’ não podem permanecer no país, forçando as escolas a ponderar o risco de realizar aulas presenciais devido à perda desses alunos.

Trump criticou ainda a Universidade de Harvard pelo anúncio que a entidade fez na segunda-feira, indicando que todas as aulas a partir de outono serão ‘online’. “Acho ridículo”, comentou. “Acho que é uma saída fácil, e eles devem ter vergonha de si mesmos”, frisou.

ZAP //

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