Um tribunal de Nova Iorque vai começar a decidir, esta terça-feira, se Donald Trump deve ser considerado culpado na queixa de violação de Elizabeth Jean Carroll.
Como noticiou o Público, a jornalista e escritora acusa o ex-Presidente dos Estados Unidos (EUA) de a ter forçado a ter relações sexuais, em meados de 1990, num provador dos armazéns de luxo Bergdorf Goodman, em Manhattan.
O julgamento não deverá demorar mais do que uma semana, sendo pouco provável que Trump seja chamado a depor e quase certo que não irá estar presente em nenhuma das sessões.
Em causa está o possível pagamento de uma indemnização e de danos compensatórios a Carroll, pelo que Trump não corre o risco de ser condenado a uma pena de prisão.
Carroll falou a primeira vez sobre a acusação em 2019, num artigo publicado na revista New York. A jornalista disse que encontrou Trump nos armazéns Bergdorf Goodman, na Quinta Avenida, em Manhattan, e que este lhe pediu a opinião sobre uma peça de lingerie que pretendia oferecer a uma mulher.
Segundo Carroll, Trump empurrou-a para um provador e, já no interior do compartimento, encostou-a à parede e violou-a. A jornalista, hoje com 79 anos, disse que contou a agressão a duas amigas, na época, e explicou que só decidiu falar do caso publicamente depois de Trump ter sido eleito Presidente dos EUA e no seguimento das denúncias do movimento #MeToo.
Em 2019, Carroll apresentou uma queixa contra Trump por difamação, após este ter negado a acusação de violação e de ter dito que o único objetivo da jornalista era ganhar dinheiro com a promoção de um livro.
No final de 2022, Carroll apresentou uma segunda queixa por difamação contra Trump, por declarações feitas sobre o caso já depois de ter saído da Casa Branca. Ao mesmo tempo, e no mesmo processo, a jornalista acusou Trump de agressão violenta “no decurso de uma violação”, em meados de 1990.
Na lista de testemunhas, destacam-se duas amigas de Carroll, a quem a escritora terá contado os pormenores da agressão na altura dos acontecimentos; e outras duas mulheres que também dizem ser vítimas de agressão sexual por parte de Trump.
À falta de provas físicas e de testemunhas de um encontro entre Carroll e Trump nos armazéns Bergdorf Goodman, o caso depende em grande parte da credibilidade do depoimento da escritora e das testemunhas chamadas pelos advogados. As quatro mulheres têm carreiras profissionais que poderão contribuir para um reforço da credibilidade dos seus depoimentos.
As denúncias de assédio e agressão sexual contra Trump – mais de uma dezena, desde 2016 – são compatíveis com as declarações do ex-Presidente dos EUA que surgiram numa gravação datada de 2005 e que foi divulgada em 2016, na fase final da campanha eleitoral para a eleição presidencial desse ano.
Na gravação, Trump gaba-se ao então apresentador do programa de televisão Access Hollywood, Billy Bush, de que costumava apalpar, beijar à força e tentar fazer sexo não consentido com várias mulheres.
Trump é também alvo de duas investigações criminais: uma pelo seu papel na invasão do Capitólio, a 06 de Janeiro de 2021, e outra pela retenção de milhares de documentos da Casa Branca na sua mansão na Florida; e de uma investigação criminal da procuradoria de Fulton, no estado da Georgia, por pressões neste estado para que Biden fosse despojado da sua vitória na eleição presidencial de 2020.
No fim de março, foi acusado formalmente de 34 casos de falsificação de registos financeiros da sua empresa, num processo relacionado com um pagamento de 130 mil dólares (118 mil euros) a uma antiga atriz de filmes pornográficos, conhecida como Stormy Daniels, que afirma ter mantido relações sexuais com Trump em 2006, numa altura em que o magnata do imobiliário já estava casado com a atual mulher.