O Presidente norte-americano, Donald Trump, elogiou na quarta-feira o seu relacionamento com o homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan. Os dois líderes encontraram-se para tentar superar várias diferenças, incluindo a situação na Síria e a compra por Ancara de um sistema russo de defesa antimísseis.
“Somos amigos há muito tempo, quase desde o primeiro dia. Entendemos o país um do outro. Entendemos de onde viemos”, disse Trump a Erdogan. “Eles são altamente respeitados no seu país e na região”, acrescentou, referindo-se a Erdogan e à sua mulher, Emine, segundo noticiou o Expresso, citando a Al Jazeera.
Posteriormente, numa conferência de imprensa conjunta, Trump revelou que ambos tiveram uma “reunião maravilhosa e produtiva”, acrescentando esperar que os dois países, aliados na NATO, possam resolver as suas diferenças.
Entre essas diferenças estão a compra pela Turquia do sistema de defesa russo S-400, o que levou Washington a retirar Ancara do programa de caças F-35. A Turquia desvalorizou a ameaça de sanções dos Estados Unidos (EUA) e começou a receber as entregas do sistema russo em julho, sem que Washington tenha imposto quaisquer sanções.
“A aquisição pela Turquia de sofisticado equipamento militar russo, como o S-400, cria-nos alguns desafios muito sérios e falamos constantemente sobre o assunto. Falámos disso hoje, falaremos no futuro e espero que sejamos capazes de resolver essa situação”, acrescentou Trump.
Através de um intérprete, Erdogan garantiu que os dois países “apenas poderiam superar os obstáculos que enfrentam através do diálogo”.
O Presidente turco mostrou-se “profundamente magoado” com a resolução recente da Câmara dos Representantes, que reconheceu os assassínios de 1,5 milhões de arménios, há um século, como um “genocídio”. Rejeita essa caracterização disse que a medida tem o potencial de “ensombrar seriamente as relações bilaterais entre os EUA e a Turquia”.
No mês passado, a Câmara dos Representantes aprovou um pacote de sanções para punir Ancara pela compra do sistema de defesa russo e pelas operações militares turcas na Síria contra combatentes curdos, que a Turquia considera terroristas.
Ofensiva turca na Síria
As tropas turcas e os combatentes sírios apoiados pela Turquia lançaram uma ofensiva dias depois de Trump ter anunciado que iria retirar as tropas americanas do local. A operação visou as Forças Democráticas Sírias (SDF), formadas por curdos financiados e treinados pelos EUA para combaterem o Daesh, desde 2015.
Os curdos conseguiram derrotar o Daesh em março mas perderam 11 mil soldados. No entanto, Ancara alega que as Unidades de Proteção Popular (YPG), a maior unidade das SDF, são um grupo terrorista ligado ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta há décadas contra o Estado turco.
A decisão de Trump de abandonar as SDF perante um iminente ataque turco foi amplamente criticada, mesmo pelos seus aliados, e descrita como uma traição a um parceiro militar dos EUA. A medida terá como consequências mais um desastre humanitário e um possível ressurgimento do Daesh, sublinharam os críticos.