Donald Trump, Presidente dos EUA, anunciou que a prisão militar de Guantánamo, que acolheu acusados de terrorismo, vai receber até 30 mil imigrantes irregulares.
O chefe de Estado norte-americano assinou um memorando que determina a preparação de uma instalação de detenção para imigrantes na base naval na Baía de Guantánamo, para “deter os piores criminosos ilegais que ameaçam o povo americano”, como sublinhou.
“Alguns deles são tão ruins que nem confiamos nos países deles para os manterem, porque não queremos que voltem, então vamos mandá-los para Guantánamo”, acrescentou.
“É um lugar de onde é difícil de sair”, constatou ainda.
Estarão em causa imigrantes que terão cometido crimes nos EUA, embora Trump não o tenha referido claramente.
Mas a porta-voz da Casa Branca sublinhou, em conferência de imprensa, que para a actual administração da Casa Branca, todos os imigrantes ilegais são “criminosos” porque entraram ilegalmente no país.
A detenção dos imigrantes em Guantánamo permitirá “dobrar a capacidade” de deportação de imigrantes de forma imediata, destacou também Trump.
A Secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, revelou aos jornalistas que a Casa Branca já está a trabalhar para adaptar Guantánamo para aumentar o número de camas para “os piores dos piores”.
Já o Secretário da Defesa, Pete Hegseth, sublinhou na Fox News que a instalação em Guantánamo será usada para “trânsito temporário” dos imigrantes.
Hegseth também destacou que a base naval já acolheu imigrantes antes, nomeadamente para deter aqueles que têm sido interceptados no mar.
Prisão de Guantánamo deteve suspeitos de terrorismo
Além de ser palco de uma “guerra” entre EUA e Cuba, a Base Naval da Baía de Guantánamo também ficou conhecida por abrigar uma controversa prisão militar norte-americana, que manteve suspeitos de terrorismo detidos por mais de duas décadas.
Esta prisão de Guantánamo tornou-se, para muitas organizações não governamentais, um símbolo dos excessos e das arbitrariedades cometidas pelos EUA na luta contra o terrorismo, devido às suas condições extremas de detenção e ao uso de tortura.
Cuba fala em “acto de brutalidade”
Situada no sudeste de Cuba, a ilha é controlada pelos EUA desde 1903, e foi sempre um “osso duro de roer” para o governo comunista cubano.
Cuba defende que Guantánamo foi “ocupada ilegalmente” pelos norte-americanos e critica a ideia de lá deter imigrantes como “um acto de brutalidade“, conforme declarações do Presidente Miguel Díaz-Canel numa publicação na rede social X, o antigo Twitter.
Díaz-Canel também destaca que os milhares de imigrantes que os EUA estão a expulsar “serão colocados ao lado das conhecidas prisões de tortura e detenção ilegal”.
En acto de brutalidad, nuevo gobierno de EEUU anuncia encarcelamiento en Base Naval en Guantánamo, ubicada en territorio de #Cuba ilegalmente ocupado, de miles de migrantes que expulsa forzosamente, a los que ubicará junto a las conocidas cárceles de tortura y detención ilegal.
— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) January 29, 2025
Para que gastar dinheiro a prender? Multem e deportem…. Menos dores de cabeça, mais barato e muito mais eficaz
Os EUA controlam ilegalmente há décadas o território cubano de Guantánamo. E como se isso não chegasse vão utilizar esse território, não sujeito à legislação americana, para maltratar milhares de imigrantes considerados ilegais. Pior do que os EUA só se for a Coreia do Norte.
A presença dos Estados Unidos na Baía de Guantánamo tem como base o Tratado de 1934.
Embora os EUA efetuem o pagamento de uma renda a Cuba, o regime castrista recusa-se a aceitar o pagamento.