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Trump continua a atribuir contratos do muro da fronteira, mesmo sem deter os terrenos

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A Administração Trump atribuiu contratos para a construção do muro na fronteira com o México, apesar de não deter os terrenos em que planeia ser construído.

O governo federal precisa do terreno de Ociel Mendoza para avançar com a construção do muro na fronteira com o México. A cada dia que passa e que os empreiteiros aguardam, o governo tem de pagar 15 mil dólares. No dia 24 de novembro, a conta ia já em quase 1,6 milhões de dólares.

Um ano antes, conta a ProPublica, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos da América atribuiu um contrato no valor de 33 milhões de dólares a uma empresa do Novo México para construir mais de seis quilómetros de vedação no condado de Starr. O início das obras devia ter começado em novembro do ano passado.

O problema é que a Administração Trump atribuiu o contrato ainda antes de obter o terreno que precisava, incluindo o rancho de Ociel Mendoza mencionado anteriormente. Entretanto, o serviço de proteção de fronteiras norte-americano viu-se obrigado a interromper o contrato.

Uma investigação da ProPublica e do The Texas Tribune descobriu que a estratégia do governo de conceder contratos antes de adquirir títulos de propriedade no Texas resultou em milhões de dólares em custos com atrasos. Aliás, este argumento foi utilizado com sucesso em tribunal em dezenas de casos, levando as autoridades a confiscar os terrenos dos proprietários.

Mendoza conta que o governo estava a oferecer 136 mil dólares pelo seu terreno – um valor que ficava aquém dos 200 mil dólares que ele procurava. Para Mendoza, tem um valor sentimental e representa o “american dream“.

Os avanços das obras do muro no Texas têm sido escassos. Dos 110 quilómetros que a Administração Trump planeava construir no Vale do Rio Grande, apenas 15 quilómetros tinham sido concluídos até meados deste mês.

Especialistas em contratos afirmam que a prática viola os princípios da boa-administração. “Parece uma fórmula para o desperdício, ou pior, fazer o contrato de construção primeiro e só adquirir o terreno meses ou anos depois”, disse Charles Tiefer, especialista em contratação da Universidade de Baltimore.

Daniel Costa, ZAP //

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