Trump deu raspanete a presidente de África do Sul com imagens… da RD Congo

JIM LO SCALZO / EPA

Algumas das imagens apresentadas por Donald Trump a Cyril Ramaphosa nem se passavam em África do Sul. Presidente dos EUA também confundiu um lugar de enterro com um memorial. Alegações sobre genocídio contra brancos são falsas.

“Estes são todos agricultores brancos que estão a ser enterrados”, disse Trump, segurando uma cópia impressa de um artigo acompanhado de uma imagem.

Este e outro conteúdo multimédia foi exibido esta quinta feira na Sala Oval da Casa Branca ao presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, numa condenação tensa e inédita por alegado racismo contra fazendeiros brancos no país.

No entanto, a Reuters apontou esta sexta feira que um dos vídeos exibidos pelo presidente norte-americano não é sequer gravado em África do Sul — é sim uma imagem foi retirada de uma reportagens da Reuters, filmada após batalhas mortais com rebeldes do M23 apoiados pelo Ruanda na República Democrática do Congo.

Não são fazendeiros mortos — são trabalhadores humanitários a levantar sacos com corpos na cidade congolesa de Goma.

Andrea Widburg, editora-chefe da American Thinker e autora da publicação do jornal em questão exibido na Casa Branca, também já confirmou que o presidente dos EUA tinha “identificado a imagem incorretamente”.

O jornalista da Reuters que gravou as imagens exibidas, Djaffar Al Katanty, diz que “à vista de toda a gente, o presidente Trump usou a minha imagem, usou o que eu filmei na RDC para tentar convencer o presidente Ramaphosa de que, no seu país, pessoas brancas estão a ser mortas por pessoas negras“.

Outro vídeo mostrado exibia uma fila de carros numa estrada repleta de cruzes brancas, que Trump alegou ser um lugar onde estavam enterrados vários fazendeiros. Tratava-se, na verdade, de um memorial temporário.

De acordo com dados recolhidos pela BBC, as alegações de Trump sobre a existência de um genocídio contra agricultores brancos em África do Sul não é fundamentada por qualquer base estatística. É, sim, uma alegação feita em diversos fóruns online de extrema-direita, que até à data nunca foi provada.

ZAP //

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