Há uma “possibilidade real” de trocar capitalismo pelo socialismo no século XXI, diz PCP

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Tiago Petinga / Lusa

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, assinalou na quinta-feira os 150 anos da Comuna de Paris com um discurso de fidelidade ao ideal comunista e definiu a “substituição do capitalismo pelo socialismo” como uma “possibilidade real” para a humanidade no século XXI.

“É a substituição do capitalismo pelo socialismo que, no século XXI, continua inscrita como uma possibilidade real e como a mais sólida perspetiva de evolução da humanidade”, afirmou, numa sessão na Voz do Operário, em Lisboa, em que leu durante 20 minutos sem interrupções nem aplausos um discurso de cinco páginas e meia sobre a Comuna de Paris.

A substituição do “capitalismo pelo socialismo” pode ocorrer como uma “possibilidade real” num “prazo histórico mais ou menos prolongado, por vias diversificadas e num processo” com as “redefinições e enriquecimentos de projeto, através da luta de emancipação social e nacional dos trabalhadores e dos povos”, disse, citado pela agência Lusa.

Após os 20 minutos de discurso, os militantes aplaudiram de pé, cantou-se o hino do partido, “Avante, camarada”, e o Hino de Portugal, numa sessão com apenas algumas dezenas de participantes, com máscara, respeitando uma distância de segurança devido à epidemia de covid-19, em que a Comuna de Paris foi dada como exemplo precursor de outras revoluções pelo mundo.

Tomando como exemplo a “impetuosa insurreição” da Comuna, que ergueu “a bandeira vermelha de luta do proletariado” em Paris, o líder dos comunistas percorreu a história do comunismo no Mundo, e lembrou como os acontecimentos em França em 1971 tiveram impacto em Portugal, nos anos seguintes.

Elogiou ainda a experiência da União Soviética, que deixou de existir na década de 1990, e dos países da Europa de Leste, apesar dos “atrasos, erros e deformações que conduziram à sua reversibilidade”.

A URSS e os países socialistas, afirmou, “colocaram o desenvolvimento económico ao serviço da concretização dos direitos dos seus povos”, com a “eliminação do desemprego e da pobreza, a erradicação do analfabetismo”, entre outros objetivos.

José Sena Goulão / Lusa

Ao evocar a Comuna de Paris “e o seu ideal emancipador”, Jerónimo de Sousa salientou também “o significado e o alcance da Revolução de Abril em Portugal”, uma “conquista pelos trabalhadores e o povo português pela liberdade, dos direitos democráticos”.

“Redução acelerada do défice continua a ser a obsessão”

O deputado do PCP Duarte Alves atacou a “obsessão do Governo” com a redução “acelerada” do défice orçamental, algo que, para os comunistas, não deveria ser prioritário no Programa de Estabilidade 2021-2025, divulgado na quinta-feira. O partido exige que o Executivo aproveite, em 2022, as margens orçamentais para combater a crise pandémica.

“Aquilo que transparece [do Programa de Estabilidade] em relação ao défice é que a sua redução acelerada continua a ser a grande obsessão do Governo”, disse, citado pelo ECO, afirmando que esta é a “grande opção orçamental” do Executivo, o que não agrada ao PCP, nomeadamente o objetivo de chegar a 2023 com um défice inferior a 3% do PIB.

O Governo prevê que, após um défice de 5,7% do PIB em 2020, o défice orçamental baixe para os 4,5% do PIB em 2021, o que se traduz numa redução muito menor face ao esperado no OE2021. Nos anos seguintes, as previsões apontam para os 3,2% do PIB em 2022, 2,2% em 2023, 1,6% em 2024 e 1,1% em 2025.

Para o PCP estas são previsões para “agradar a Bruxelas”, não se podendo “esquecer que estamos num cenário de grande incerteza”.

Duarte Alves defendeu que o Governo deve executar as medidas previstas no OE 2021 para ajudar as empresas e os cidadãos a ultrapassar a crise pandémica, apostando no investimento público, no Serviço Nacional de Saúde e na vacinação.

O deputado considerou ainda que “não se deve colocar o défice acima dos problemas” e que o Governo deveria abdicar de mais receita pública para ajudar a economia, originando mais défice. Contudo, considera que tal seria benéfico na medida em que o país recuperaria de forma mais célere.

ZAP / Lusa //

1 Comment

  1. Deus o perdoe tio Jerónimo que nãos abe o que diz, está á vista que os portugueses gostam tanto do comunismo que o PCP cada vez tem menos votos e os sindicatos afetos a caixa de ressonância do PCO a CGTP cada vez tem menos sindicalizados.

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