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70 anos depois, assassinato de Gandhi ainda levanta dúvidas

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O Supremo Tribunal indiano rejeitou uma ação que pedia novas investigações ao assassinato do líder pacifista Mahatma Gandhi, há 70 anos.

A 30 de janeiro de 1948, o nacionalista hindu Nathuram Vinayak Godse matou a tiro Mahatma Gandhi. Ou, pelo menos, assim concluiu a investigação oficial.

Quem não acredita nesta teoria são alguns grupos hindus de direita, dos quais se destaca o Abhinav Bharat, que acreditam que Godse foi usado como bode expiatório para encobrir os verdadeiros autores do crime.

Segundo o investigador dessa organização hindu de direita, Pankaj Phadnis, Gandhi não terá sido assassinado pela terceira bala que lhe acertou, mas sim por uma quarta, cujo autor continua por identificar.

Por essa razão, Pankaj Phadnis, um dos investigadores dessa organização, solicitou, em outubro de 2017, que fosse aberta uma nova investigação a respeito do homicídio.

Os juizes S. A Bobde e L. Nageswara Rao ouviram o advogado Amarinder Sharan, que durante meses estudou o caso e avaliou o material inédito apresentado pelo investigador e engenheiro Phadnis, e acabaram por negar a reabertura do caso, dando-o como encerrado definitivamente, segundo a Ansa Brasil.

O pedido, que já foi rejeitado pelo Superior Tribunal de Bombaim em junho de 2016, foi de novo rejeitado pelo máximo tribunal indiano, por considerarem que a verdade sobre o assassinato de Gandhi “já é perfeitamente conhecida“.

O Supremo afirmou, além disso, que o pedido de Phadnis ocorre com um “enorme” atraso em relação ao assassinato de Gandhi a de janeiro de 1948, segundo a Exame.

“Não estamos, portanto, preparados para aceitar a teoria de uma quarta bala proposta pelo peticionário. Consideramos a tentativa do peticionário de reabrir esta controvérsia como um esforço inútil“, declarou em sua sentença.

No twitter, o bisneto do líder pacifista, Tushar Gandhi, que reiterou em várias ocasiões que está cansado de teorias “incríveis” sobre o acontecimento, disse: “O Supremo Tribunal despreza o pedido de voltar a investigar o assassinato de Gandhi. Bravo!”.

À agência EFE, Phadnis afirmou que não se dará por vencido na sua tentativa de questionar a versão oficial, apesar da sentença contra do Supremo. “Este é um projeto multidimensional, o aspeto legal é só uma parte. Ainda há, acima dos tribunais, o Tribunal Popular da Índia”, sentenciou.

O pai da Índia

Mahatma Gandhi, nascido numa cidade do litoral ocidental, Porbandar, a 2 de outubro de 1869, foi o idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do protesto não violento como meio de revolução.

Gandhi formou-se em direito e foi um político e líder no movimento de independência da Índia, que era governada pelos ingleses.

Foi na África do Sul, para onde partiu em 1893 que começou a sua luta pelos direitos dos hindus. Quando voltou à Índia, em 1915, foi recebido como um herói pelas lutas que travou a favor do seu povo.

No seu primeiro confronto com o governo britânico, em 1922, Mahatma Gandhi organizou uma greve geral com a estratégia de não colaborar, mas sem violência e de forma pacífica. A ousadia valeu-lhe uma condenação a seis anos de prisão, acusado de rebelião, tendo saído após 2 anos devido a uma apendicite aguda.

Depois de muitos aos a pregar a paz e a lutar pela independência da Índia, Gandhi retorna a Nova Deli, onde se assusta com as atrocidades cometidas, pois grupos de hindus expulsavam de forma violenta os muçulmanos que ainda restavam.

A cada surto de violência, Gandhi fazia jejum, a favor da união entre as comunidades. Interrompia o jejum quando o surto de violência passava. Os hindus temiam causar a morte de Gandhi, e os muçulmanos temiam as represálias, caso Gandhi morresse durante um desses jejuns.

No dia 30 de janeiro de 1948, após o fim de um jejum de 5 dias, Gandhi foi assassinado com três tiros pelo hindu Nathuram Vinayak Godse, no jardim de sua casa, onde estava a ser realizada uma grande reunião de orações.

Godse terá matado Gandhi por ser contra a tolerância religiosa pregada pelo pacifista, que teria levado à criação do Paquistão, contra a qual era.

O cortejo fúnebre, realizado no dia seguinte, durou 5 horas, numa procissão acompanhada por milhões até o rio Yamuna, onde o corpo foi colocado numa jangada e incinerado, como manda a tradição hindu.

ZAP //

5 Comments

  1. se nem a familia quer saber exatamente como e porque morreu gandi… entao fica tudo explicado… nao percebo qual a razao do jornalista fazer referencia “a direita” nesta noticia….. nao tenho nem os conhecimentos nem as informaçoes para poder concluir qualquer coorelaçao com o caso em questao.

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