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O metro mexicano que é um Triângulo das Bermudas: 153 desaparecidos em 4 anos

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As 195 estações que integram os metro da capital do México converteram-se nos últimos quatro anos num verdadeiro Triângulo das Bermudas. Desapareceram 153 pessoas que nunca mais regressaram.

Desde o início de 2018 foram abertas 43 investigações relacionadas com utilizadores que foram vistos pela última vez nas linhas do metro.

De acordo com o jornal espanhol El País, a Procuradoria-Geral da Cidade do México garante que 65% destes casos acabam por ser resolvidos, quando as pessoas aparecem passado algum tempo. No entanto, os outros 35%, que representam 15 dos casos do ano passado, ficaram sem solução, juntando-se às 138 pessoas que desapareceram sem deixar rasto entre 2015 e 2017.

“Dói-me de pensar que poderia fazer parte das estatísticas”, disse Graciela, uma passageira, de 30 anos, que relatou o momento em que foi cercada por cinco homens e uma mulher nas escadas de acesso ao metro.

A mulher, que regressava a casa depois de ter deixado a filha na escola, diz mesmo ter ouvido uma das pessoas a falar do preço que ela poderia ter. “Por ela, vão dar 20”, explicou a mulher.

O incidente ocorreu em Chabacano, um estação de metro perto do centro histórico, com acesso a três linhas de metro, e por onde passam centenas de pessoas todos os dias. Depois de ter conseguido escapar do grupo suspeito, Graciela entrou numa das composições do metro. “Penso naquelas pessoas que não conseguiram escapar e que fazem parte das estatísticas”, lamentou.

A mulher acredita que o objetivo do grupo que a cercou nunca foi o roubo. “Eles poderiam ter-me puxado”, disse. Apesar de as autoridades terem tomado conta da ocorrência, apenas dois polícias guardavam a zona depois do incidente.

Tal como acontece no Rio de Janeiro, no Brasil, o metro da Cidade do México é um dos que implementaram carruagens só para mulheres, de forma a evitar casos de assédio sexual. Diariamente, o metro transporta 5,5 milhões de pessoas. É o segundo mais saturado, atrás apenas do de Nova Deli, na Índia.

O sistema de metro, com 195 estações e cerca de 200 quilómetros de extensão, é vigiado por 3417 câmaras, que não foram capazes de gravar o que aconteceu com Graciela ou com os 153 utilizadores desaparecidos, uma vez que há zonas impossíveis de serem filmadas.

O grande problema que as autoridades enfrentam está relacionado com o facto de não existir qualquer denúncia de sequestro relacionada com o desaparecimento das mais de 150 pessoas.

“Pedimos que todas as pessoas que foram vítimas que denunciem os casos”, pediu um porta-voz da nova Administração da cidade.

Graciela também não apresentou queixa no Ministério Público. Porém, queixa-se da falta de segurança do México e conta que depois de há alguns anos ter apresentado uma denuncia de roubo, os familiares do assaltante conseguiram os seus dados e foram a casa dela exigir que retirasse a denúncia.

A comparação ao Triângulo das Bermudas acontece porque esta região notabilizou-se como palco de diversos desaparecimentos de aviões, barcos de passeio e navios, para os quais se popularizaram explicações extra-físicas e sobrenaturais.

Estima-se que, nos últimos cem anos, o misterioso “Triângulo das Bermudas” tenha provocado a destruição de 75 aviões e afundado centenas de barcos e navios – provocando mais de mil mortes. Em média, 5 aviões continuam a desaparecer na região todos os anos.

ZAP //

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