Três polícias são agredidos por dia, mas a maior ferida é psicológica

Tiago Petinga / Lusa

Em média, por dia, três elementos das forças de segurança são agredidos em Portugal. Os seus membros sentem que não há apoio da hierarquia ou da tutela.

Nos últimos quatro anos, em média, três elementos das forças de segurança são agredidos por dia em Portugal. Frustrados e sozinhos, os agentes da PSP e os militares da GNR sentem uma grande falta de apoio da hierarquia e da tutela, escreve o semanário NOVO.

Este ano, até final de outubro, já existe registo oficial de 759 elementos policiais vítimas de ofensas à integridade física. A maioria das vítimas (593) são agentes da PSP, enquanto na GNR já foram agredidos 166 militares.

Um dos recentes casos mais mediáticos é o de um militar da GNR que foi atirado para a piscina de um hotel, em Vilamoura, por quatro turistas ingleses embriagados. O jovem, com apenas dois anos de experiência, viu-se obrigado a puxar da arma de serviço e a disparar três tiros para o ar para dispersar os agressores.

O militar está de baixa com a mão partida, hematomas na cabeça, na omoplata e nas pernas, descreve o semanário. No entanto, a maior ferida não é física, mas sim psicológica. Segundo fontes próximas, o militar algarvio sente-se desapoiado pela hierarquia, não tendo recebido um único telefonema do comando.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse, em julho, que as agressões aos elementos policiais são consideradas “como uma área de atuação prioritária” na proposta de diploma apresentada pelo Governo, que define as orientações em matéria de política criminal para o biénio 2020-2022.

No entanto, o incidente em Vilamoura contraria a posição defendida por Cabrita. Dois dos agressores saíram em liberdade e regressaram a Inglaterra. Os outros dois fugiram do local do crime e não chegaram a ser identificados.

“Em casos de ofensa à integridade física qualificada a elementos das forças de segurança, como foi o caso em Vilamoura, podia e devia ter sido aplicada a prisão preventiva aos agressores”, defende António Barreira, coordenador da Região Sul da Associação dos Profissionais da GNR.

Daniel Costa, ZAP //

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