Após um casamento de 25 anos, Stacey descobriu que o marido estava a ter uma relação extra-conjugal. As consequências podem ser surpreendentes.
Casados há 25 anos, com três filhos. Um dia, a esposa descobre que o marido está noutra relação. Divórcio imediato? Nem por isso.
O relato foi recuperado na semana passada pelo portal Fatherly e retrata o caso de Stacey Greene. Caso real, nome fictício.
Stacey, revela a própria, pensava que tinha um casamento ideal e uma vida sexual bastante activa.
Mas havia um problema: nem sempre dormiam juntos. O marido queixava-se que acordava durante a madrugada, sempre que ela ia à casa-de-banho. Por isso, ela dormia muitas vezes no andar de baixo da casa.
Na sequência dessa questão, apareceu uma questão bem mais importante.
Numa noite, e como fazia em todas as noites, subiu para deixar um beijo de boa noite. Mas, quando chegou ao quarto, viu que o marido escondeu rapidamente o telemóvel debaixo dos lençóis.
“Comecei a sorrir. Ele nem sabia enviar SMS, tinha aqueles telemóveis baratos. Infidelidade nem me passava pela cabeça. Porque ele nem estaria a escrever a ninguém”, recorda.
Mas houve discussão. O marido começou a reagir às perguntas da esposa e acabou por atirar o telemóvel ao chão. A bateria até saltou.
Stacey, ainda a sorrir, disse: “Tu nem sabes enviar mensagens!”. Mas aquela reacção deixou uma ideia clara: ele estava a esconder algo.
– Quem é ela?
Não houve resposta à pergunta de Stacey.
Nova tentativa:
– Quem é ela?
– É só alguém que conheci num bar.
Tinham começado a falar há cinco ou seis meses, admitiu o marido.
Stacey saiu a correr, escondeu o telemóvel e foi dormir noutro andar da casa.
Depois, às escondidas, foi ler as mensagens no telemóvel do marido. Confirmou: tinha uma relação com outra mulher.
Ainda na mesma madrugada, acordou às 2h. Tinha uma carta do marido pousada na sua barriga.
Em vez de a ler, pediu ao seu marido que a lesse em voz alta. Alegou que não percebia a caligrafia dele: “Porque queria ver qual era o seu verdadeiro estado emocional”.
Ele leu. E aí começou a reviravolta.
“Ele estava a chorar. Eu estava a chorar. Abraçámo-nos. Ele realmente sentia algo por ela, sem dúvida, mas acho que ele ainda me amava. A melhor parte da história para mim é que fui criada numa casa cristã; e essa foi uma grande parte da minha vida, mas não da dele. No entanto, quando eu perguntei o que iríamos fazer a seguir, ele sugeriu: “Podemos ir falar com o pastor da tua igreja”.
Um pastor, muito desconfortável com a situação, recebeu mesmo o casal. Avisou que não era conselheiro matrimonial. Apresentou-se como uma “caixa de ressonância”.
Conversou primeiro com os dois. Depois só com ele. Depois só com ela.
Na conversa a sós com Stacey, deixou-lhe uma tarefa: sair com marido. Beber uns copos, dançar…
E aqui há um contexto: um dos motivos que originaram a traição foi a falta de vontade dela de sair à noite. Não encaixavam nesse assunto. Uma boa saída à noite, para ela, era ver um filme com amigas; para ele, seria ir para o bar com amigos – mas, afinal, ele não estaria no bar com amigos… Reflectiu ela, mais tarde.
Como os conselheiros matrimoniais nunca ajudaram muito, começaram a ler livros sobre relações (resquícios do envolvimento dela num grupo ying yang).
Com as leituras, aprenderam maneiras diferentes de comunicar. Aprenderam a deixar de varrer os problemas para debaixo do tapete.
“Sinto que literalmente pegámos no tapete e sacudimo-lo. Foi brutal”.
Stacey explica que um dos principais problemas que tinham – e nem sabiam que tinham – era estarem sempre a criticar um ao outro. Sempre a apontar o dedo. Sempre a julgar.
“Eu desprezava as pessoas que vão a bares e que não aproveitam o tempo para coisas mais intelectuais. Ele achava que eu dava prioridade sempre às crianças, não a ele; e que dava prioridade às minhas amigas, não a ele. Houve muitos julgamentos dos quais não estávamos cientes”.
Ele achava que ela era muito crítica, ela achava que ele era muito crítico. Problema ultrapassado.
Outra questão superada: passaram a dormir sempre juntos. E também prometeram que iriam sair mais vezes, só os dois – essa parte “no início foi forçada, mas depois passou a ser algo natural”.
Stacey admite que, antes desta situação, tinha como princípio não continuar com um marido que se envolvesse com outra mulher.
“Até que te vês na situação de estares com aquele homem há 25 anos e teres filhos lindos, teres uma vida sexual forte e activa. E aí percebes que não queres desistir. Se isto tivesse acontecido logo no primeiro ou no segundo ano do casamento, talvez fosse diferente. Mas agora o nosso casamento já era tão profundo e eu senti que cinco ou seis meses não iriam superar os 25 anos anteriores“.
Os filhos souberam. Mesmo sem os pais terem contado. O filho mais velho ouviu a mãe a chorar, apercebeu-se que seria algo relacionado com o pai. E uma filha soube do livro que a mãe estava a escrever sobre o caso.
Mas nunca desrespeitaram nenhum dos dois e nunca tocaram no assunto: “Nem consigo expressar o quão emocionada estou, por ver os meus filhos serem tão maduros“.
Refira-se que todo este relato foi dado anos depois da traição.
Agora, como se sente Stacey? Como está o casamento?
“Muito melhor, agora. Sinto que, caramba, eu poderia ter feito tudo de novo nos primeiros 25 anos. Porque tivemos um bom casamento. Mas há uma grande diferença entre bom e óptimo”.
Hoje, o marido de Stacey “é um homem diferente”, segundo a sua esposa.
“É a melhor coisa de todas. Eu não deveria dizer que ele é um homem diferente. Ele é o homem com quem me casei. Ele apenas saiu disso durante uns tempos e agora está de volta“, partilhou.
E fica a conclusão fundamental deste caso: em vez de varrerem as coisas para debaixo do tapete, pegaram no tapete e sacudiram-no.