Por vezes, um simples choro é suficiente. Outras vezes, os bebés podem precisar de uma ajuda extra para comunicar.
De acordo com a Zoundream, startup Suíça baseada em Barcelona, essa ajuda extra pode vir sob a forma de inteligência artificial (I.A). Um novo dispositivo, desenvolvido pela empresa, consegue traduzir a chamada “linguagem universal” dos bebés.
Em entrevista ao Interesting Engineering, Roberto Iannone, CEO da Zoundream, explica que “sempre que um bebé chora, está a pedir algo“.
A ideia da empresa resulta do princípio de que “os bebés choram mais ou menos da mesma forma para as mesmas necessidades”.
Embora as palavras bebé e inteligência artificial possam parecer ideias de ficção científica, Iannone salienta que o elemento humano do trabalho da Zoundream, o seu dispositivo,não é de modo algum um substituto para a intuição parental.
Em vez disso, atua como uma ajuda que aumenta as próprias capacidades dos pais.
“O dispositivo não é de modo algum para substituir o papel dos pais na compreensão dos seus próprios bebés, é de facto uma forma de lhes dar confiança, e de chamar mais à atenção para a forma como o bebé chora e para aquilo de que precisam”.
A Zoundream usou software de aprendizagem de máquinas para analisar milhares de horas de choro de bebés de vários países e classificar estes choros em quatro categorias diferentes: fome, dor, gases, ou um abraço.
Iannone fundou a empresa com a cientista de dados Ana Laguna, que contactou quando descobriu que estava a recolher dados sobre choros de bebé e a definir padrões nestes choros.
Iannone explica que no início da investigação com Ana Laguna, começaram por comprar alguns gravadores baratos e pediram ajuda a alguns pais. “Até pagámos a alguns deles para que mantivessem um gravador perto do seu bebé”.
Embora fosse um processo manual muito demorado, permitiu-lhes dar o pontapé de saída à sua pesquisa.
“Assim que foi possível, desenvolvemos a nossa própria máquina, que era essencialmente um gravador que filtrava todos os sons que não eram choros de bebé”.
O dispositivo respeitava a privacidade, e evitava que tivessem que passar horas a filtrar manualmente a gravação para verificar se tinham capturado choros de bebé, ou outros sons. “Isso começou realmente a dar-nos alguns dados”, explica Iannone.
O CEO da empresa destaca o papel da prosódia nos bebés — essencialmente, a sua capacidade de reconhecer e comunicar através de entoações melódicas em vez da fala.
Este comportamento está enraizado nos bebés desde o seu desenvolvimento muito precoce, enquanto estão no útero. É a “própria linguagem do bebé”, e é a central para a investigação da empresa.
E no que toca à privacidade do bebé, segundo a Interesting Engineering, os pais estão satisfeitos com o trabalho da Zoundream, “adoram a tecnologia” e usam-na consoante as necessidades.
Na maior parte dos casos, os pais querem apenas confirmar aquilo que já achavam ser a necessidade do bebé. Mas, principalmente para os pais de primeira viagem, o aparelho pode mostrar-se uma ajuda importante.
O dispositivo dá uma segurança extra, porque “os primeiros meses são difíceis, podem ser realmente difíceis”, explica Iannone — que, sendo ele próprio pai, sabe do que fala.