A maior máfia da América Latina está a aproveitar a posição periféria de Portugal e a grande presença de brasileiros para se instalar no país, estando já a recrutar membros portugueses nas prisões.
O Primeiro Comando da Capital (PCC), a mais poderosa organização criminosa da América Latina, está a estabelecer-se de forma significativa em Portugal e já terá recrutado cidadãos nacionais, alertou Lincoln Gakiya, procurador do Ministério Público de São Paulo, em entrevista ao Correio da Manhã.
Com mais de duas décadas de experiência no combate ao grupo, Gakiya considera que o país se tornou uma das bases europeias estratégicas para o PCC, sobretudo devido à sua posição geográfica e à forte presença da comunidade brasileira.
“Portugal é hoje uma das portas de entrada da cocaína sul-americana na Europa”, afirma o procurador. Segundo Gakiya, o idioma comum e a facilidade de integração da comunidade brasileira facilitam a infiltração e operação do grupo no país. O tráfico de droga é a principal atividade do PCC, mas o procurador alerta que a organização impõe a sua presença com recurso à violência armada.
De acordo com dados revelados recentemente por Gakiya, Portugal é o país europeu onde residem mais membros do PCC — cerca de 87 elementos identificados, dos quais 29 já foram detidos. No entanto, o procurador vê este número com preocupação, ao sugerir que o grupo tem vindo a recrutar portugueses nas prisões nacionais. “Já há portugueses que são, efetivamente, membros desta organização”, garante.
Apesar da gravidade da situação, Gakiya revelou que ainda não foi contactado pelas autoridades portuguesas, sublinhando a urgência de cooperação internacional para travar o crescimento do grupo fora do Brasil. “É muito preocupante e Portugal deve ter muito cuidado. A polícia portuguesa tem de se preparar”, frisou.
A expansão do PCC para fora do território brasileiro tem acelerado: há um ano, o grupo contava com cerca de 1200 membros no exterior, número que ultrapassa agora os 2000. Esta “internacionalização” preocupa as autoridades brasileiras, que consideram o PCC uma autêntica máfia com estrutura e objetivos bem definidos.
O PCC teve origem nas prisões de São Paulo, em 1992, quando reclusos se organizaram para exigir melhores condições após o massacre do Carandiru. Desde então, evoluiu para uma rede criminosa transnacional com tentáculos em vários continentes. O grupo já foi associado a pelo menos duas mortes em Portugal e a investimentos em clubes de futebol portugueses para a lavagem de dinheiro do tráfico de droga.
aquele sr. da PJ anda muito calado quando a este tema (entre outros)… dá a entender que só fala quando é instruído para tal…