Jingyi Zhang / NASA

Os astrónomos descobriram o que afirmam ser uma nova prova de que a Terra e a nossa galáxia Via Láctea estão suspensas num vazio gigantesco – que está a distorcer as nossas observações do cosmos.
Ecos do Big Bang revelados esta quarta-feira sugerem que a Via Láctea está presa num gigantesco vazio cósmico.
Numa descoberta anunciada no Royal Astronomical Society’s National Astronomy Meeting em Durham, Inglaterra, os astrónomos afirmam ter encontrado provas que sustentam uma observação controversa de que a nossa galáxia reside numa região invulgarmente escassa do Espaço.
A proposta radical, feita através da análise dos ecos do Big Bang, sugere que a nossa galáxia pode estar a flutuar numa região de 2 mil milhões de anos-luz que é 20% menos densa do que a média.
Se os resultados se confirmarem, poderão ajudar os astrónomos a descobrir a verdadeira idade do nosso universo e oferecer uma solução para um dos enigmas mais difíceis da cosmologia – a discrepância, conhecida como a tensão de Hubble, segundo a qual o universo distante se expandiu mais lentamente no passado do que o universo próximo atualmente.
Como refere a Live Science, as descobertas também levariam a uma grande reformulação dos modelos cosmológicos existentes.
Em comunicado, o autor principal do estudo, Indranil Banik, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, teoriza que “a nossa galáxia está perto do centro de um grande vazio local”.
“Isso faria com que a matéria fosse puxada pela gravidade para o exterior de maior densidade do vazio, levando a que o vazio se esvaziasse com o tempo. E isso faria com que a expansão local no interior do vazio fosse mais rápida do que em regiões mais densas e distantes do cosmos”, acrescentou.
Preencher o vazio
A noção de que a nossa parte do Universo poderia ser menos densa do que outras tomou forma pela primeira vez nos anos 90, quando os investigadores encontraram menos galáxias no nosso Universo local do que esperavam, em comparação com o Universo circundante.
Investigações posteriores confirmaram estas observações, indicando que a nossa galáxia pode estar no centro de uma região conhecida como o buraco local ou vazio KBC, nome dado pelas iniciais dos astrónomos do estudo.
No entanto, alguns astrónomos questionam se o espaço aparentemente pouco denso poderá estar preenchido com objetos que não emitem luz.
Agora, para investigar melhor as evidências, Banik e os seus colegas recolheram 20 anos de dados de observações de oscilações acústicas de bariões (BAOs) nas proximidades – ondas de pressão criadas durante o Big Bang que congelaram e se expandiram ao longo do Universo, governando a distribuição das galáxias que vemos hoje.
De acordo com as medições BAO dos investigadores, é 100 vezes mais provável que vivamos num vazio cósmico do que numa região de densidade média.
A astronomia moderna tem revelado consistentemente que a nossa visão pessoal do cosmos não é excecional. Se de facto vivemos no meio do vazio, podemos ser ainda mais únicos no nosso isolamento do que aquilo que se pensava.