ZAP // Dall-E-2
Está a acontecer na Dell: os funcionários recusaram voltar ao escritório, mesmo sabendo que poderiam ser promovidos.
O teletrabalho passou a ser uma tendência global por causa da COVID-19, mas muitos empregadores têm tentado acabar com esse regime. Ou, no mínimo, chegar a um equilíbrio com o trabalho presencial.
A Dell – especialista em computadores – convidou, há meses, os seus trabalhadores nos EUA a voltarem ao escritório.
“Convidar” até é um verbo pouco adequado. A política passou a ser mesmo trabalhar na empresa: ou voltavam ao trabalho presencial, ou nunca conseguiriam ser promovidos.
Qual foi a reacção dos funcionários? Muitos preferem o teletrabalho, mesmo sabendo que nunca vão ser promovidos.
Dos trabalhadores a tempo inteiro, praticamente metade dos funcionários nos EUA e um terço nos outros países preferem o teletrabalho, ainda hoje.
O portal Business Insider explica que muitos trabalhadores vêm mais vantagens em ficar em casa do que nos benefícios de uma eventual promoção.
Outros repararam que voltar ao trabalho presencial simplesmente não era prático, dada a natureza do seu trabalho. Com equipas espalhadas, um funcionário em cada cidade (ou um em cada país, com fusos horários diferentes), ir à empresa não ajudaria muito.
Outros ainda explicaram que vivem muito longe das instalações da Dell.
Um trabalhador justificou: quanto mais se trabalha no escritório, menos tempo, dinheiro e vida pessoal tem.
A Dell continua a acreditar nas “conexões pessoais combinadas com uma abordagem flexível”, que são essenciais para “impulsionar a inovação e a diferenciação de valor”.
Na Dell, um trabalhador híbrido tem que trabalhar no escritório, pelo menos, 3 dias por semana e 30 dias em cada três meses.
No mês passado, a vigilância ficou mais apertada: controlo do número de passagens do cartão electrónico e do uso da VPN, para ver quem realmente aparece três dias por semana. E há bandeiras (azuis, verdes, amarelas ou vermelhas) para quem aparece mais ou menos vezes na empresa.
A questão da promoção na Dell não surpreende: nos EUA, entre 2 milhões de trabalhadores que podem trabalhar em casa, só 5,6% dos híbridos foram promovidos em 2023; a percentagem desce ainda mais (3,9%) nos funcionários em teletrabalho que conseguiram promoção.
90% dos directores não escondem: dão prioridade a quem opta pelo trabalho presencial.
