Procurador do TPI pede mandado de captura contra Netanyahu e líder do Hamas

Ministro da Defesa israelita e líder do Hamas — bem como vários dirigentes do grupo islamita — também são visados por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, pediu esta segunda-feira a emissão de mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar.

Netanyahu e Sinwar são suspeitos de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, segundo um comunicado divulgado por Khan em Haia, Países Baixos, sede do TPI.

Khan também pediu ao TPI que emita mandados de captura contra o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, o comandante das Brigadas Al-Qassam, Mohammed Al-Masri, e o chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh.

As acusações conta o líder do Hamas incluem “extermínio, assassínio, tomada de reféns, violação e agressão sexual durante a detenção“, disse Khan à CNN.

Por sua vez, Netanyahu e Gallant são acusados de “provocar o extermínio, provocar a fome como método de guerra, incluindo a recusa de fornecimentos de ajuda humanitária, atingir deliberadamente civis em conflito.”

#ICC Prosecutor @KarimKhanQC announces applications for arrest warrants in relation to Benjamin Netanyahu and Yoav Gallant in the context of the situation in the State of #Palestine ⤵️https://t.co/WqDZecXFZq pic.twitter.com/bxqLWc5M6u

— Int’l Criminal Court (@IntlCrimCourt) May 20, 2024

Um painel de juízes do TPI vai agora analisar o pedido de mandados de captura apresentado pelo procurador do tribunal internacional.

Yair Lapid, líder da oposição israelita, considerou ser um “desastre” o pedido feito pelo procurador do TPI. As famílias dos reféns israelitas rejeitaram o facto de o procurador do TPI ter traçado uma “simetria” entre os dirigentes israelitas e o Hamas, noticiou o Haaretz, citado pelo The Guardian.

Esta é  primeira vez que o TPI — que emitiu um mandado semelhante contra o presidente russo vladimir Putin por causa da invasão da Ucrânia que levou a cabo — tenta “caçar” um aliado próximo dos EUA.

Em janeiro deste ano, mais de 600 juristas chilenos apresentaram uma queixa no TPI contra o primeiro-ministro israelita por alegados crime de lesa-humanidade, genocídio e crimes de guerra na Faixa de Gaza e Cisjordânia.

O texto acusatório, com 66 páginas, “demonstra de forma plausível a prática e a existência destes crimes, com os testemunhos de muitos funcionários que trabalham no terreno na Faixa de Gaza e declaram que estamos face a uma situação devastadora e uma tragédia humanitária.

Mais disse que, na sua opinião, o objetivo “fundamental e sistemático” de Israel é “a eliminação de um povo” e “destruir a sua identidade nacional como povo com direito a exercer a autodeterminação”.

Milhares exigem demissão de Netanyahu

No final do dia desta segunda-feira, milhares israelitas manifestaram-se, em frente parlamento, em Jerusalém, para exigir a demissão de Netanyahu e a convocação de eleições antecipadas.

“Tu és o líder. És o culpado”, gritaram os manifestantes – muitos dos quais vieram de outras zonas do país para integrar uma caravana lenta que provocou atrasos na entrada da cidade.