Emmamuel Macron tomou hoje posse do cargo de Presidente da República de França, tornando-se, com 39 anos, o mais jovem chefe de Estado do país desde Luis Napoleão Bonaparte (1848-1852), sobrinho de Napoleão Bonaparte, presidente aos 40.
No seu primeiro discurso como presidente francês, Emmanuel Macron destacou que “os franceses elegeram a esperança e o espírito de conquista. O mundo e a Europa necessitam hoje, mais do que nunca, de uma França forte e segura do seu destino“, que traga a voz da liberdade, que saiba inventar o futuro, afirmou.
O novo Presidente francês prometeu trabalhar para que a Europa seja “refundada e relançada” e tudo fazer para combater o terrorismo e o autoritarismo e resolver a crise dos refugiados.
“Precisamos de uma Europa mais eficaz, mais democrática, mais política”, salientou Emmanuel Macron, no seu discurso. Os franceses “escolheram a esperança e o espírito de conquista”, acrescentou Macron, que na sua lista de desafios colocou também “os excessos de capitalismo no mundo” e as alterações climáticas.
O presidente cessante, François Hollande, já tinha deixado o Palácio do Eliseu, recebendo aplausos dos convidados e dos populares que se encontravam em frente do edifício, depois de ter passado a pasta a Emmanuel Macron.
Hollande e Macron estiveram reunidos a sós no gabinete presidencial durante cerca de 40 minutos. Tal como acontece nos Estados Unidos, um dos momentos altos da passagem de testemunho foi a transmissão da senha de lançamento de bombas nucleares.
Os dois estadistas trocaram informações sobre os habituais segredos de Estado, e o presidente cessante faz algumas recomendações que considera importantes, após o que Macron visitou o Posto de Comando Júpiter, uma espécie de bunker na ala leste do palácio, capaz de resistir a um ataque nuclear.
Depois do encontro com o anterior presidente, o novo chefe de Estado acompanhou François Hollande ao automóvel e voltou à entrada do palácio, dando a mão à mulher, Brigitte Trogneux.
O candidato que derrotou a extrema-direita
Emmanuel Macron lançou-se na corrida presidencial francesa projetando a imagem de um político novo e descomprometido, “nem de direita nem de esquerda”, e fica na história por ter derrotado a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen.
Emmanuel Macron nunca tinha sido eleito e demitiu-se do cargo de ministro da Economia (2014-2016) do governo do presidente François Hollande para apresentar a candidatura.
Com a passagem à 2ª volta da líder da extrema-direita, Marine Le Pen, Macron teve apoio de dezenas de políticos, empresários, intelectuais, artistas e cientistas, incluindo o republicano François Fillon e o socialista Benoît Hamon, derrotados na primeira volta e representantes dos dois partidos que partilharam o poder nas últimas cinco décadas.
A imprensa francesa qualifica-o de “puro produto da intelectualidade”: filho de um casal de médicos, saído das escolas de elite, banqueiro de investimentos até entrar na política em 2012 como conselheiro de Hollande. Dessa experiência, e da de ministro, Macron diz ter retirado um ensinamento central: o da disfunção do sistema político.
Disse-se candidato da “verdadeira indignação” e da renovação, face “às mesmas caras” da classe política “há 30 anos”: “Isto não pode continuar assim!”.
Nas palavras de Hollande, numa reunião recente, “Macron teve a intuição, precisamente porque estava fora da vida política tradicional, de que os partidos de governo criaram as suas próprias fraquezas, perderam atratividade e estavam desgastados, cansados e envelhecidos”.
O seu programa é de inspiração social-liberal, prometendo reconciliar “liberdade e proteção”, reformar o subsídio de desemprego, criar apoios para os jovens de bairros desfavorecidos e “olhar para a classe média”, “esquecida pela direita e pela esquerda”.
Europeísta “assumido” mas com pouca experiência internacional, tentou reforçar esta vertente com uma visita ao Líbano e outra a Berlim, onde se reuniu com a chanceler alemã, Angela Merkel, junto de quem suscita, segundo a imprensa, “interesse e simpatia”.
O seu discurso, politicamente transversal, agrada sobretudo aos jovens urbanos e aos empresários, mas não é popular junto das classes populares, sobretudo rurais, pela globalização que defende.
Contrariamente aos outros candidatos, Macron expôs na campanha a vida privada, aparecendo frequentemente com a mulher, Brigitte, 24 anos mais velha e sua antiga professora.
ZAP // Lusa