Tomar decisões banais desgasta-o? Há alguns mecanismos que o podem ajudar

As pessoas acreditam que lhes faltam os conhecimentos necessários para avaliar devidamente as suas opções nas tomadas de decisões, pelo que tendem a ficar ansiosas.

A vida quotidiana está repleta das chamadas decisões triviais. As pessoas sentem-se frequentemente tontas por pensarem demasiado em decisões de baixo risco, mas a investigação tem demonstrado que existem razões lógicas para se sentirem desta forma. Compreender porque se sente tão stressado por decisões mais pequenas pode ajudá-lo a aprender o que fazer a esse respeito.

Primeiramente, o número absoluto de opções que podemos escolher ultrapassa-nos frequentemente, uma vez que temos dificuldade em comparar e contrastá-las. Os académicos da área da economia há muito que defendem a noção de que é melhor ter mais opções, mas os da psicologia desafiam-os.

Num estudo académico, Sheena Iyengar e Mark Leeper criaram o teste da marmelada num supermercado. Resumindo, muitos mais consumidores quiseram comprar a marmelada quando lhes foram apresentadas opções — mas poucas. Quase um terço (30%) dos clientes compraram o produto quando a banca tinha seis sabores, mas apenas 3% dos clientes compraram quando existiam 24 sabores.

Com base nestas descobertas, o livro do psicólogo norte-americano Barry Schwartz The Paradox of Choice: Why More is Less, argumenta que uma abundância de escolhas pode causar ansiedade às pessoas.

As pessoas carecem frequentemente, ou acreditam que lhes faltam os conhecimentos necessários para avaliar devidamente as suas opções. Por exemplo, quando se trata de uma decisão financeira. E se tiver objetivos, a falta de certeza sobre a rigidez com que os quer manter, irá provavelmente dar-lhe uma dor de cabeça.

Além disso, algumas das decisões que rotulamos de rotineiras podem, na verdade, ter associados altos riscos emocionais. Decidir o que vestir para um encontro, por exemplo, provavelmente não é uma dúvida que esteja apenas relacionada com moda. Embora cada fator seja suficiente para criar stress, quando vários fatores estão combinados, a ansiedade sobre a decisão só vai ser amplificada.

Ligações à sua personalidade

Uma outra linha de investigação tem-se centrado na ligação entre as estratégias de decisão das pessoas e o seu bem-estar, com os investigadores a identificarem duas principais: maximizar e satisfazer.

Por um lado, a maximização é uma tendência que visa tentar a melhor opção. Por outro, a satisfação é um termo introduzido pelo Nobel Herbert Simon, e consiste na estratégia que acaba uma vez encontrada uma opção aceitável. A maximização e a satisfação têm ligações aparentes à personalidade. Há pessoas que tendem a maximizar e outras que são mais satisfatórias.

Schwartz e os colegas encontraram uma relação negativa entre a tendência para maximizar e os sentimentos de satisfação com a vida. Os maximizadores (em comparação com os satisfatórios) também tiveram maior probabilidade de sentir arrependimento pós-decisão. Uma explicação possível é que os maximizadores estão sempre a debater-se com o que poderiam ter feito e como poderiam ter tomado uma melhor decisão.

Ainda assim, é importante sublinhar que o estudo não examinou grandes decisões de vida sobre casamento ou saúde, mas concentrou-se em decisões diárias (embora tenham sido relatadas descobertas semelhantes sobre decisões médicas mais sérias).

As decisões podem ser mentalmente cansativas. Por isso, por vezes, as escolhas do dia-a-dia são difíceis porque os indivíduos estão cansados do processo de tomada de decisões.

William James, um dos maiores pensadores dos séculos XIX e XX, sugeriu hábitos que nos ajudam a lidar com estas complexidades. Os hábitos tiram-nos a necessidade de pensar, pelo que investir o seu tempo na construção de hábitos pode impedi-lo de pensar e voltar a pensar sobre decisões do dia-a-dia. Os conhecimentos de William James inspiraram muitos investigadores contemporâneos.

Decidir como investir os seus recursos (sejam eles cognitivos, emocionais, ou físicos).

Quando se trata de decisões diárias, a redução do número de opções também pode ajudar a facilitar o processo. O co-fundador da Apple, Steve Jobs, era conhecido por usar roupas iguais quase todos os dias, em parte para simplificar o processo de decisão.

Trata-se de aceitar que tem uma capacidade de decisão limitada, pelo que deve estar consciente de como a utilizar. Reduzir escolhas, desenvolver bons hábitos e deixar o nosso chamado sistema um tomar o comando pode ajudar-nos a enfrentar as nossas decisões diárias.

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