Mais de 87% das crianças em Timor-Leste são alvo de violência em casa, como forma de disciplina, indicou um relatório, de acordo com o qual o problema atingiu “proporções endémicas” no país e no Pacífico.
O trabalho, de quatro organizações não-governamentais (ONG) com ampla experiência na região – Plan International, ChildFund, World Vision e Save The Children, mostoru que Timor-Leste é de entre oito países da região o que tem níveis mais elevados de violência contra as crianças em casa, noticiou o Público, citando a agência Lusa.
Intitulado Invisíveis, inseguros – O subinvestimento para pôr fim à violência contra crianças no Pacífico e Timor-Leste, o relatório, divulgado na ONU no final do mês passado, adiantou que perto de 613 mil crianças com menos de 14 anos (87,4% do total) sofrem “disciplina violenta em casa”.
Timor-Leste fica, com este valor, à frente de países como Vanuatu (83,5%), Kiribati (81%) ou Papua-Nova Guiné (75,7%). Segundo o estudo, o problema atingiu “níveis endémicos”, com mais de quatro milhões de crianças na região a sofrerem disciplina violenta em casa ou, em alguns casos, abusos sexuais.
Para a ONG Save the Children, o relatório revelou “níveis elevados chocantes de violência física, sexual e emocional contra as crianças da região”, algo que terá um impacto “profundo e a longo prazo” na população.
Os autores referiram que em causa não está o uso de disciplina, mas sim os métodos particularmente violentos ou humilhantes. O relatório salientou que na região quase um quarto das adolescentes foram alvo de violência física e que mais de 10% foram alvo de violência sexual.
Entre os casos destacados conta-se o da Papua Nova Guiné, onde há índices “excecionalmente elevados” de violência contra crianças.
De acordo com dados da ONG Médicos Sem Fronteiras, as crianças representam mais de 50% dos casos de violência sexual registados nas suas clínicas em Port Moresby e Tari.