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Tiago Brandão Rodrigues saiu da “Disneylândia dos cientistas” (e quer continuar a ser ministro)

Manuel de Almeida / Lusa

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues

Tiago Brandão Rodrigues quer estar de volta ao Governo se o PS ganhar as eleições. No SummerCEmp, pediu “cuidado” com o discurso sobre “os malandros do ensino profissional”.

Brandão Rodrigues viveu fora muitos anos e deixou Cambridge para aceitar ser ministro. Disse que sim a António Costa e diz que dirá outra vez se o PS ganhar as eleições legislativas e o secretário-geral quiser.

“Sinto-me sempre motivado para servir e para fazer serviço público. Estava na Disneylândia dos cientistas e era feliz”. Em outubro, de acordo com o Observador, espera renovar os votos com Portugal: “Não fiquei preso. Ganhei graus de liberdade também por entender este país”.

Portugal é um país onde “não há igualdade de oportunidades à partida” por um lado, e onde o ensino profissional não pode ser “uma via periférica”, por outro.

Sem dúvidas de que há quem olhe para “os malandros do ensino profissional que vêm roubar as nossas vagas”, o ministro pediu “cuidado com esse tipo de discurso”. “Acredito na discriminação positiva quando é necessária”. Uma “via de ensino de corpo inteiro”, reforçou Tiago Brandão Rodrigues. Os jovens com esse tipo de percurso “têm uma vantagem clara relativamente a vocês: dupla certificação académica”, disse aos 40 estudantes universitários, que por estes dias estão em Monsaraz a debater a Europa.

As universidades e os politécnicos “estão ávidos” de receber esses alunos, garantiu. Mas apenas 13 a 14% destes estudantes estão a seguir para o ensino superior – falta “criar condições”. Ficou para segundo plano num “conjunto de governos” anteriores, argumenta: “É importante dizer que este é o resultado disso”.

“Muitas vezes em turmas do ensino profissional, os alunos com quem contacto são os primeiros da família a fazer o ensino secundário”. Levará “cinco gerações para subverter o determinismo da condição social”. O ministro defende “uma igualdade de oportunidades à saída, tentando mitigar essa diferença” .

As instituições de ensino superior “têm de dizer aos ensinos básico e secundário que alunos querem e como os querem”, vincou.

Outro bom debate é a forma de avaliar a aprendizagem. Respondendo a perguntas dos participantes, o governante sublinhou que “as notas são sempre um indicador” a ter em conta, mas que importa adicionar “outros critérios”, como o voluntariado, por exemplo. “Um conjunto de outras competências deve ser salvaguardado”, porque são essas que darão aos estudantes “as ferramentas para fazer diferente” quando tentarem entrar no mercado de trabalho, acredita.

Brandão Rodrigues critica o “peso excessivo” dos exames e da avaliação contínua. “Cada cabeça sua sentença” nas universidades. “Têm de começar essa discussão”.

Reconhecendo que Portugal ainda tem “um défice muito grande de qualificações”, Tiago Brandão Rodrigues assinalou que o país tem, também, “a taxa de abandono escolar mais baixa de sempre“.

As estatísticas dizem que há mil professores com menos de 30 anos em Portugal. As escolas “não são caso isolado”, o problema é geral. “Toda a administração pública está envelhecida”. “Durante a troika, reduziu-se o número de professores em 20 mil. A educação foi excluída durante a troika”.

Sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o ministro português afirmou que “os planos de contingência têm de funcionar e foram preparados para funcionar”, e que tudo está a postos, em Portugal, para “uma transição suave” para uma Europa apenas a 27. Admitiu, contudo, que o processo do Brexit tem revelado surpresas com alguma irregularidade, de modo que “há que estar preparado”.

Perante um público nascido após a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, o governante recordou como “absolutamente fundamental” ter vivido em Espanha e no Reino Unido. Os “Erasmus” começaram a aparecer quando estudava na universidade e Tiago Brandão Rodrigues fez o programa, recordando “a grande transformação” para Coimbra que representou receber estudantes estrangeiros. “Eles vinham em bandos, era a verdadeira revolução“, relatou.

ZAP //

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