Telemóveis do primeiro-ministro e ministra da Defesa espanhóis “infetados” com o Pegasus

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partyofeuropeansocialists / Flickr

Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol

O ministro da Presidência espanhol alertou para uma “extração de um determinado volume de dados dos terminais” e considerou as intervenções “ilícitas” e “externas”.

O Governo espanhol revelou que os telefones de Pedro Sanchéz, o primeiro-ministro, e Margarida Robles, a ministra da Defesa, tinham sido “infetados” com o programa de espionagem Pegasus, segundo o Público.

Isabel Rodríguez, ministra da Política Territorial e porta-voz do Governo espanhol, e Félix Bolaños, ministro da Presidência do Governo, realizaram esta segunda-feira uma conferência de imprensa em La Moncloa (sede do Governo espanhol).

Félix Bolaños sublinhou, de acordo com o El País, que houve uma “extração de um determinado volume de dados dos terminais” e classificou as escutas como sendo “ilícitas” e “externas”.

O Governo espanhol está agora a verificar os telemóveis de todos os seus membros, para se assegurar que não foram espiados pelo programa de espionagem Pegasus.

“Quando falamos de intrusões externas, queremos dizer que são alheias aos órgãos estatais e não possuem autorização judicial de nenhum órgão oficial. É por isso que as classificamos como ilícitas e externas. Por enquanto, não finalizamos a verificação dos terminais de todo o Governo”, detalhou o ministro da Presidência.

Bolaños realçou que, segundo os relatórios oficiais do Centro de Criptologia Nacional (CNC), foram registadas duas intrusões no telemóvel de Pedro Sanchéz, em maio de 2021, e uma escuta no telemóvel de Robles, em junho do ano passado.

A “intervenção ilegal” foi confirmada na sequência de uma investigação ainda em curso, sobre as comunicações de todos os membros do governo espanhol.

“Trata-se de factos confirmados e de uma enorme gravidade que confirmam que se verificaram intrusões às instituições estatais e que são ilegais”, acrescentou Bolaños. “Estamos perante intervenções ilícitas e externas”.

Pegasus é um programa informático de fabrico israelita, e o seu uso foi inicialmente denunciado por membros da oposição e separatistas da Catalunha.

Nesta segunda-feira, os deputados catalães da CUP (Candidatura de Unidade Popular) Carlos Riera, Albert Botran e David Fernàndez apresentaram uma queixa a um tribunal de Barcelona, contra alegados atos de espionagem através do Pegasus.

O comunicado da CUP apresenta queixa em nome dos três deputados, e refere que se trata de um delito contra a intimidade, com intuito de “revelação de segredos”.

A organização separatista catalã Ómnium Cultural indicou também que já apresentou uma queixa sobre eventuais atos de espionagem a membros do grupo.

Já o Governo da Região Autónoma espanhola da Catalunha (Generalitat) anunciou que vai anaisar periodicamente os telemóveis de 500 responsáveis de cargos oficiais, devido às ameaças de programas de espionagem como o Pegasus.

Já foram denunciadas intrusões a dezenas de independentistas catalães, entre os quais o presidente da Generalitat, Pere Aragonès.

O programa Pegasus só pode ser vendido e usado por governos, e tem estado no centro de vários escândalos de espionagem contra políticos, jornalistas e defensores de direitos humanos em todo o mundo, nomeadamente Espanha, Marrocos e França.

O programa, que só pode ser vendido após autorização do governo de Israel, já foi proibido nos Estados Unidos.

ZAP //

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