O director do Museu de Comunicações de Frankfurt aponta discrepâncias quanto ao suposto telefone vermelho de Adolf Hitler, apresentado como a “arma mais destrutiva” da história, recentemente vendido por 239 mil euros em leilão – e agrava as dúvidas sobre a autenticidade do aparelho.
Pode ser uma fraude o telefone vermelho que supostamente teria pertencido a Adolf Hilter, e que a semana passadas foi vendido em leilão por 239 mil euros a um comprador não identificado. Essa é pelo menos essa a opinião de Frank Gnegel, director do departamento de colecções do Museu de Comunicações de Frankfurt, na Alemanha.
Segundo o leiloeiro, que recusou dar qualquer indicação sobre a identidade ou a nacionalidade do comprador, o aparelho tem o nome de Adolf Hitler, uma cruz suástica com uma águia, símbolo do Terceiro Reich, e teria sido descoberto no “bunker” do ditador alemão após a queda da Alemanha nazi.
Através deste telefone, “fornecido a Adolf Hitler pela Wehrmacht, o exército do Terceiro Reich, o líder nazi terá dado a maior parte das suas ordens nos últimos dois anos da Segunda Guerra Mundial”, precisou a Alexander Historical Auctions, o que o tornaria na “arma mais destrutiva da história”.
“Trata-se claramente de uma falsificação“, afirma no entanto Frank Gnegel ao conceituado jornal Frankfurter Allgemeine.
“O telefone em si foi produzido pela Siemens & Halske, mas o auscultador é de um aparelho inglês. Nunca se produziu desse modo. Ele deve ter sido posteriormente montado na Inglaterra”, onde esteve durante um bom tempo, após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Segundo a casa de leilões, trata-se de uma montagem especial, para que o auscultador não caísse do aparelho durante o transporte, e terá sido feita por uma sucursal da Siemens no Reino Unido, que colaborava estreitamente com a sede na Alemanha até ao início da II Guerra Mundial.
“Essa afirmação é bastante idiota“, rebate Gnegel, pois nota-se que a peça inglesa não encaixa bem no aparelho alemão. “Por que uma empresa britânica construiria um auscultador para o telefone de Hitler? A Siemens teria certamente fabricado com prazer um telefone novo para o Fuhrer”.
O especialista realça ainda que a empresa alemã teria certamente fornecido “um exemplar condizente, de plástico vermelho, em vez de pintar um telefone preto, de maneira tão pouco profissional” como a que o telefone leiloado aparenta estar pintado.
“Tudo o que tinha a ver com Hitler era produzido com a mais alta qualidade, por que simplesmente se pintaria por cima da gravura?”, questiona o especialista.
Além disso, diz o responsável do Museu de Comunicações de Frankfurt, era totalmente improvável que Hitler tivesse um aparelho com discador rotativo, já que as chamadas do líder alemão eram sempre ligadas manualmente à rede telefônica.”
Um telefone partido e uma boa história
Reagindo aos rumores que começaram a circular acerca da autenticidade do “telefone mais destrutivo da história”, a casa de leilões americana publicou na internet fotos do interior do aparelho – o que, conta a Deutsche Welle, só agravou as dúvidas entre coleccionadores, especialistas e entusiastas de telefones.
O restaurador holandês Arwin Schaddelee, por exemplo, lista em seu blog uma série de discrepâncias. “Ele está marcado W38, uma designação usada pelos correios alemães. Isso indica que foi originalmente fornecido por eles”
“Se fosse um telefone feito por encomenda pela Siemens & Halske, então, por definição, não seria conforme as especificações W38”, explica Schaddelee.
“Alguém encontrou um interessante aparelho, velho, partido e incompleto, arranjou-o, pintou-o e inventou uma boa história“, conclui Schaddelee.
ZAP // Deutsche Welle
Mais um burla, mas, um palerma que dá este valor por um telefone, não merece outra coisa!!