As autoridades de Israel sabiam dos planos de ataque do Hamas há pelo menos um ano, mas descartaram a possibilidade por serem complicados de executar, avançou na quinta-feira o jornal The New York Times.
Citando “documentos, e-mails e entrevistas” a que teve acesso, o jornal norte-americano The New York Times afirma que o plano descrevia com grande precisão um ataque surpresa como o que o grupo islamita palestiniano levou a cabo a 07 de outubro, que causou 1.200 mortos em Israel e mais de 200 reféns.
O plano de 40 páginas, com o nome de código “Muro de Jericó“, previa a utilização de drones para destruir as câmaras de segurança ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza, ou a entrada em massa de militantes a pé, de mota e de parapente, embora não fixasse uma data para a operação.
Os oficiais militares da região não acreditavam que fosse possível um ataque desta dimensão. Não é claro se o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ou outros líderes políticos tiveram acesso aos documentos, notou o jornal.
O ataque de surpresa do Hamas, no passado dia 7 de outubro, foi considerado uma falha da inteligência de Israel. Segundo analistas militares, as agências de intelligence israelitas terão interpretado mal dados sobre o ataque que o Hamas estava a preparar e foram totalmente apanhadas de surpresa pela operação.
A própria Mossad, uma das mais temíveis e conceituadas agências de inteligência do Mundo, está a ser colocada em causa pelos israelitas, que estavam calmamente a relaxar ou rezar durante o fim de semana de um feriado religioso quando ouviram soar as sirenes e se viram forçados a refugiar-se em abrigos.
Numa ação com uma magnitude sem precedentes, as forças do Hamas alvejaram posições inimigas, aeroportos e posições militares com 5.000 rockets e ultrapassaram o muro que separa Israel da Faixa de Gaza, realizando ataques terrestres em sete localidades do sul do país.
O ataque do Hamas levou Netanyahu a declarar guerra ao Hamas e a lançar uma ofensiva na Faixa de Gaza que já custou a vida a mais de 15 mil pessoas.
Quinta-feira foi o sétimo dia de uma trégua, mediada pelo Qatar, Egito e Estados Unidos, que inclui a libertação de reféns e prisioneiros e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
O cessar-fogo temporário foi prolongado na quinta-feira de manhã por mais 24 horas e não se sabe se continuará hoje.
O prolongamento da trégua implicaria a libertação de mais 10 reféns israelitas por dia em troca da libertação de 30 prisioneiros palestinianos.
Entretanto, o Qatar continua a trabalhar com os parceiros regionais e internacionais no sentido de um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza.
Até ao momento, foram libertados 105 prisioneiros em Gaza, incluindo 81 israelitas e 24 estrangeiros, enquanto Israel libertou 240 prisioneiros palestinianos, todos eles mulheres e menores.
Entre os prisioneiros libertados encontra-se a ativista palestiniana Ahed Tamimi, que tinha sido detida a 6 de novembro por alegado incitamento à violência e atividades terroristas.
ZAP // Lusa
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