Revelações do presidente da Câmara Municipal de São João da Pesqueira: “Sugeri taxa turística no Douro. Tudo caiu em saco roto”.
Viana do Castelo começou a cobrar taxa turística nesta terça-feira. Caminha, Oeiras e Setúbal vão passar a cobrar no próximo mês, Setembro. Lisboa passou a sua taxa de 2 para 4 euros.
E se, indo para além de uma cidade específica, fosse aplicada uma taxa a cada turista que ande pelo rio Douro a passear num cruzeiro?
O presidente da Câmara Municipal de São João da Pesqueira, Manuel Cordeiro, já deixou essa sugestão. Mas nunca resultou: “Já coloquei esta possibilidade a governos anteriores e a várias entidades, mas tudo caiu em saco roto“.
“Defendo há muito tempo a criação de uma taxa turística para o turismo fluvial de cruzeiros no Douro, que deliciam as vistas e usufruem de paisagens que são criadas e mantidas por estes viticultores que atravessam dificuldades”.
Até porque, continua o autarca no Jornal do Centro: “Falamos em pessoas que pagam milhares de euros para fazerem cruzeiros e facilmente pagariam um ou dois euros”.
Na mesma entrevista, Manuel Cordeiro abordou o corte da produção de vinho para as 90 mil pipas neste ano, na região demarcada do Douro. Numa zona onde há pessoas que vivem financeiramente exclusivamente da vinha.
O presidente da Câmara de São João da Pesqueira assegura que tem alertado para esta situação. “E o que verificamos é que este ano batemos no fundo. A situação agravou-se porque o viticultor tem vindo a perder rendimentos, tem vendido as uvas cada vez mais baratas e este ano chegámos ao cúmulo de haver viticultores que nem sequer têm onde colocar as uvas”.
“Não estou a exagerar se disser que isto vai ter um fim trágico se não se atalhar caminho e não se puser definitivamente mão na região”, avisa.
Manuel Cordeiro considera que a região do Douro só deveria “produzir qualidade e não quantidade; ou seja, vinho do Porto e vinhos DOC Douro – e não vinhos de mesa. Não vale a pena andarmos a vender vinho barato. Eu sei que isto é muito teórico, mas é a verdade em que acredito”.
Cordeiro também defende maior fiscalização e uma “justa repartição dos lucros que a atividade gera. Falamos em quase 700 milhões de euros de vendas anuais, que têm vindo a crescer, ainda que de forma tímida nos últimos anos, mas depois vemos os rendimentos dos viticultores a diminuir. Portanto, há uma margem em que alguém estará a ganhar”, comentou.