Tavares insistiu num pacto, mas Costa tinha outro Rui na ponta da língua

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António Costa, secretário-geral do PS, e Rui Tavares, fundador do Livre, no debate para as Legislativas de 30 de janeiro de 2022

António Costa, secretário-geral do PS, em debate com Rui Tavares, fundador do Livre

O pontapé de saída dos debates para as legislativas contou com António Costa, secretário-geral do PS, Rui Tavares, fundador do Livre, e a presença-fantasma de Rui Rio, líder do PSD.

O primeiro da longa série de debates para as eleições legislativas de 30 de janeiro foi tranquilo. Se falássemos de futebol, teria sido certamente um amigável.

Rui Tavares foi aos estúdios da RTP mostrar-se disponível para uma aliança com o Partido Socialista. Mais do que isso: sentou-se em frente a António Costa disposto a convencer o socialista a assinar um acordo escrito à esquerda.

O desafio estava lançado – um “pacto social, ecológico e progressista” e uma mão estendida à espera de aceitação.

A Costa, porém, pouco importou. Apesar de reconhecer que o PS partilha com o Livre várias causas, desde o combate às alterações climáticas ao projeto europeu, o secretário-geral socialista preferiu apontar baterias a outro Rui.

No dia 30, “a escolha que tem que se fazer é entre prosseguir com uma maioria de progresso ou regressar às políticas da austeridade”, disse o socialista, indo mais longe sem medo das palavras: “A escolha é entre mim e Rui Rio”.

Distanciou-se do social-democrata desde logo com o salário mínimo na manga. “Se acha que o aumento do salário mínimo foi pouco, o que não podemos ter é um Governo de Rui Rio, que nem quer o aumento do salário mínimo”, atirou. E Tavares ficou de mão estendida.

António Costa não tem dúvidas e fez questão de salientar várias vezes que “uma solução estável e progressista só é possível com maioria do PS”. Continuou sem usar a palavra “absoluta” e alertou, ao longo de 25 minutos, para o perigo da dispersão de votos à esquerda.

Um voto à esquerda do PS não só favorece o PSD, como também os “liberais” e a “extrema-direita”. É essa maioria que Costa quer combater, sozinho e sem o exército da esquerda para o auxiliar.

Rui Tavares ainda retorquiu, defendendo que “quem vota António Costa para ter maioria absoluta pode acabar a ter um bloco central com Rui Rio”. O voto útil é, por isso, no Livre, que “não é o PS”, sustentou.

Mas Costa, que insistia em reavivar o fantasma ausente na sala, entende que “o voto no Livre não nos livra da direita”.

Depois do encontro de Rui Tavares (Livre) com António Costa (PS) e de Catarina Martins (Bloco de Esquerda) com André Ventura (Chega), a maratona dos debates continua esta segunda-feira, com o frente-a-frente entre Rui Rio (PSD) e André Ventura, na SIC, pelas 21 horas.

Liliana Malainho, ZAP //

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