“Agora é católica? Catarina Martins irrita-me.” Ventura pelos cabelos num debate agitado (e monotemático) pelo 3.º lugar

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rtppt / Flickr

André Ventura, líder do Chega

O segundo confronto da noite de estreia dos debates eleitorais para as legislativas colocou Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, frente-a-frente com André Ventura, líder do Chega.

Foi o debate da luta pelo terceiro lugar e não se esperava menos do que um confronto agitado. Tanto que André Ventura até chegou a admitir que Catarina Martins o irrita.

Ao contrário de Marisa Matias, que se candidatou às eleições presidenciais do ano passado, a coordenadora do Bloco de Esquerda adotou uma postura mais serena e ponderada, optando por não descarrilar no comboio do contraditório.

A corrupção marcou o debate desde o início, com a bloquista a salientar que uma das “maiores escolhas que o país tem de fazer para abrir um novo ciclo político é o combate determinado à corrupção”.

As pessoas “precisam de saber que a extrema-direita não fez nada pelo enriquecimento injustificado. (…) Corrupção sobre clubes de futebol, nem um pio. Quando foi para acabar com os vistos gold, votaram contra, e sobre as offshores, têm estado caladinhos”, atirou Catarina Martins.

Ventura contra-atacou perante a acusação da “extrema-direita caladinha”, acusando o Bloco de Esquerda de querer aumentar o Rendimento Social de Inserção (RSI).

Perante a insistência, o líder do Chega referiu ainda que o partido apresentou uma proposta na Assembleia da República para duplicar as penas por corrupção passiva, dos oito para os 16 anos, e uma comissão de inquérito para investigar o financiamento de campanhas eleitorais por parte do BES. Propostas essas que não mereceram o voto a favor do BE.

Num toma-lá-dá-cá, a bloquista acusou Ventura de ser “mais previsível que um disco riscado” e de nada ter dito sobre a criminalização dos offshores e sobre ter votado contra o fim dos vistos gold.

Já sobre o RSI e a frase “metade trabalha para sustentar a outra metade”, Catarina Martins salientou que, em Portugal, há 2% de “pessoas tão pobres que precisam de prestações sociais” e que uma em cada três pessoas que beneficiam do RSI são crianças.

“Ouvimos a extrema direita atacar imigrantes”, mas “quando falamos de milionários, a extrema-direita já gosta”, atirou ainda. “Defende sempre os milionários e ataca os trabalhadores pobres” continuou e, face às interrupções constantes de Ventura, aconselhou: “Não fique nervoso.

Ventura acusou o Bloco de querer aumentar a “subsidiodependência” e de querer “dar tudo a quem não tem nada”. Já a líder bloquista apontou que a estratégia “da extrema-direita é tornar os ricos mais ricos”.

Durante o debate, citou duas vezes o Papa Francisco para defender os migrantes. “Queremos viver num país em que os pobres são cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos ou num país decente?”, questionou.

Agora é católica? Catarina Martins irrita-me o que é que posso fazer”, ripostou Ventura.

O confronto terminou com a coordenadora do Bloco a acusar André Ventura de ser
o único político com uma condenação por racismo transitada em julgado. O líder do Chega contrapôs que não só não foi condenado em nenhum processo-crime, como nunca foi “condenado por racismo”, mas sim “por ofensas a uma família”.

Depois do encontro de Catarina Martins (Bloco de Esquerda) com André Ventura (Chega) e de Rui Tavares (Livre) com António Costa (PS), a maratona dos debates continua esta segunda-feira, com o frente-a-frente entre Rui Rio (PSD) e André Ventura, na SIC, pelas 21 horas.

Liliana Malainho, ZAP //

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7 Comments

  1. Desde quando é que concordar com um Papa é sinónimo de ser aderente à religião católica ? Eu concordo com muita coisa que ele diz e sou ateu !

  2. A esquerda oportunista é isto. Quando lhe convém mata o jacobismo que lhe é tão querido. Alás como já etá a matar Marx, Engels e toda a trupe que lhe serviu de suporte. E já agora o que é feito do materialismo histórico?
    Catarina/Ventura estão bem um para o outro porque são iguais: demagogos, enviesados nas análises e populistas

  3. Claro com estes tubarões atrás dele a financiar campanhas, CAP, CIP, e outros imaculados(empresários ricos com o nosso dinheiro), que tem vivido da bananeira, já não dá bananas mas dá abacate!

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