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Prémios da TAP foram afinal um “mal entendido”

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O Conselho de Administração da TAP reconheceu hoje que se verificou “um mal-entendido” na distribuição de prémios na empresa, e sugere a criação de um Comité de Recursos Humanos para elaborar um plano de participação dos trabalhadores nos lucros.

Num comunicado hoje divulgado, o Conselho de Administração da TAP “reconhece que se verificou um mal-entendido relativamente à deliberação que resultou da discussão” na reunião de março de 2019, sobre o modelo de avaliação de desempenho e avaliação dos colaboradores.

Nessa reunião “foi deliberado não distribuir prémios com base na componente ‘resultados da empresa’, conforme recomendação dos administradores indicados pela Parpública”, indica o comunicado.

A agência Lusa noticiou na terça-feira que a TAP pagou prémios de 1,17 milhões de euros a 180 pessoas, incluindo dois de 110 mil euros atribuídos a dois quadros superiores, apesar de em 2018 ter registado um prejuízo de 118 milhões de euros.

A Comissão Executiva da TAP justificou, desde logo, a atribuição dos prémios com o “programa de mérito” implementado pela companhia, que diz ter sido “fundamental” para os resultados atingidos em 2018.

No comunicado hoje divulgado, o Conselho de Administração refere: “Na sequência dessa deliberação, a Comissão Executiva, no âmbito das suas competências, aprovou uma distribuição de prémios por um conjunto de colaboradores, não aplicando a componente ‘resultados da empresa’, conforme a referida recomendação, mas não tendo informado o Conselho de Administração relativamente ao universo e montantes que vieram efetivamente a ser aprovados pela Comissão Executiva e pagos”.

Reitera ainda que a Comissão Executiva “não recebeu qualquer prémio ou remuneração variável, matéria aliás da exclusiva competência da comissão de vencimentos”.

Acrescenta que entende “ser necessário melhorar a articulação relativamente a esta matéria, pelo que, na sequência de sugestão formulada pela Comissão Executiva, para reforço do modelo de governo da TAP, SGPS, SA promoverá a criação no seio do Conselho de Administração de um Comité de Recursos Humanos que será presidido pelo presidente da Comissão Executiva e com atribuições e competências similares às Comissões de Estratégia e de Auditoria e Matérias Financeiras já existentes”.

Caberá a este Comité de Recursos Humanos a elaboração de “um plano de possível participação nos lucros para cada grupo de trabalhadores da TAP tendo em consideração a realidade atual de cada grupo”.

No comunicado, indica ainda que a Comissão Executiva “assume o compromisso de apresentar de forma destacada na proposta de orçamento anual o montante total máximo dos prémios a serem distribuídos em cada ano”.

Na sexta-feira, a Comissão Executiva da TAP tinha afirmado que respeitou “os deveres de informação ao Conselho de Administração” e que apenas atribuiu prémios referentes aos “resultados da área” e “resultados individuais”, sem atribuir prémios relativos aos resultados da empresa em 2018.

“A Comissão Executiva da TAP entende que não deve comentar nem divulgar publicamente debates, declarações de voto e deliberações tomadas no seio do seu Conselho de Administração e que respeitou escrupulosamente todas as regras estatutárias e de governo societário, incluindo os seus deveres de informação ao Conselho de Administração”, afirmava a comissão executiva da TAP, liderada por Antonoaldo Neves, num comunicado enviado à Lusa.

Pouco antes, os administradores da TAP designados pela Parpública tinham afirmado, também em comunicado, que a atribuição de prémios foi “uma decisão unilateral” e que foram surpreendidos pela divulgação nos media de pagamentos que vão “além do cumprimento de responsabilidades contratuais”.

“Em conclusão da reunião do Conselho de Administração, requerida pelos administradores indicados pelo Estado, depois de uma decisão unilateral de atribuição de prémios a um conjunto de trabalhadores, sem a devida obrigação contratual, estes não se reveem no procedimento adotado”, indicaram os administradores da TAP SGPS designados pela Parpública, numa nota enviada, na altura, à agência Lusa.

No comunicado divulgado, a comissão executiva da TAP adiantava que, “tendo em conta os resultados negativos da empresa no ano de 2018”, “decidiu não atribuir qualquer remuneração variável a trabalhadores da TAP na componente de avaliação de desempenho referente aos resultados da empresa”.

E a comissão executiva da transportadora aérea indicava também que “foram apenas mantidas as componentes referentes aos resultados da área e aos resultados individuais, em função do contributo de cada trabalhador para as medidas de redução de custos e de aumento de receitas implementadas em 2018”.

A equipa liderada por Antonoaldo Neves explicava ainda que o programa de mérito traduz-se na possibilidade de atribuição de uma remuneração variável em função do cumprimento de metas em três áreas de avaliação de desempenho distintas: resultados da empresa, resultados da área e resultados individuais.

Nesse comunicado já assegurava que “a Comissão Executiva não recebeu nenhum prémio ou outra remuneração variável por referência ao ano de 2018”.

// Lusa

6 Comments

  1. Foi um mal entendido! áhhh! afinal não tem problema nenhum – “eu enganei-me” – OK! – só vai custar 1 milhão aos portugueses – e já resolvemos o assunto – criámos um comité que nos vai custar em vencimentos apenas 2 mihões e assim os prémios por prejuizo passarão a ser bem discutidos!

    António costa escarra mais uma vez em cima dos portugueses (ou terá urinado?) e estes alegremente estendem a outra face!

    Mas porque é que este país nunca sai da sepa torta? Deixa-me ver se encontro motivos .. não estou mesmo a ver … uma favela tão bem gerida ….

  2. Entre “não me lembro” e “mal entendido” pelos vistos temos o país repleto de políticos e administradores a sofrerem destes males, deve ser peste que afecta aquelas duas classes sociais que quanto a mim teriam boa cura caso na prática a justiça fosse igual para todos.

  3. Mal-entendido foi ter sido publicitado tão amplamente. Se tivesse sido pela calada e ninguém tivesse apanhado a coisa não seria seguramente um mal-entendido.

  4. É mais um espetáculo da miséria governativa deste país. Que governantes são estes que hoje dizem que houve uma quebra de confiança com a administração da TAP e no dia seguinte já vêm dizer que foi um mal entendido e fecha o assunto mantendo o pagamento dos prémios apesar dos elevados prejuízos. Foi para isto que o governo reverteu a privatização da TAP?

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