Tal como os humanos, os chimpanzés têm coordenação vocal

Não são só os humanos que têm coordenação vocal. Investigadores analisaram agora as caçadas cooperativas dos chimpanzés — e como as trocas vocais facilitam neste campo.

Num novo estudo, publicado na Science Advances, os investigadores argumentam que a coordenação vocal evoluiu antes de os humanos terem divergido dos chimpanzés e bonobos.

Investigadores da University de Zurich e da Tufts University, em Boston, no Estados Unidos, analisaram as caçadas cooperativas de chimpanzés e mostraram que as trocas vocais facilitam a sua busca coletiva.

Segundo dizem os autores, esta descoberta poderia significar que a comunicação e a cooperação têm pelo menos seis milhões de anos, tendo origem antes da separação de outros grandes símios.

De acordo com a Discover Magazine, os chimpanzés trabalham em parceria para capturar as suas presas — uma atividade perigosa, energicamente exigente e não garante uma refeição no final do dia.

Grupos maiores capturam presas mais frequentemente, e isso ajudaria os chimpanzés a comunicar a sua intenção, juntando-se a uma caça coletiva e avaliando o entusiasmo de todo o grupo.

Para testar se esta rede de comunicação existe na natureza, os cientistas analisaram 227 eventos de caça que observaram no Uganda entre 1996 e 2018.

Os primatas produziram sons para coordenar a sua caça. Os chimpanzés vocais eram mais propensos a juntarem-se à caça, e chamados a assinalar a sua intenção. Os grupos que produziam os guinchos também recrutaram mais companheiros de equipa, iniciaram a caça mais rapidamente e capturam as presas mais rapidamente.

“De forma impressionante, após a produção de latidos de caça, observámos mais caçadores a juntarem-se, maior velocidade no início da caçada, e um tempo mais curto para fazer a primeira captura”, diz a co-autora do estudo Zarin Machanda numa nota de imprensa da Universidade de Zurique.

A equipa não tem a certeza de como funcionam os sons como um apelo à caça. Por um lado, ouvir os outros poderia irritar os chimpanzés, e os indivíduos excitados poderiam estar mais dispostos a juntar-se a uma perseguição.

Por outro lado, os indivíduos poderiam ouvir os seus colegas de grupo habilidosos que se sintam à vontade para tomar decisões complexas sobre a probabilidade de uma caçada ser bem sucedida.

Os investigadores esperam separar estas possibilidades através de estudos futuros, mas por agora, os resultados em mãos são profundos. A cooperação e a comunicação, ao que parece, não são exclusivamente humanas.

Provavelmente tiveram origem nas profundezas da árvore evolutiva dos primatas — no mínimo, datando de há seis milhões de anos, até ao momento em que chimpanzés e humanos partilharam o seu último antepassado comum.

Inês Costa Macedo, ZAP //

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